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Quem quiser estudar profundamente o folclore, e para isso tiver
capacidade que para todos não será igual, não pode ignorar os “saberes
empíricos”, só por si insuficientes mas indispensáveis, não pode esquecer-se
que pela UNESCO o mesmo foi reconhecido como “cultura tradicional e popular”, sendo
por isso as raízes de todos os usos e costumes, de todas vivências quando as
mesmas não eram adulteradas por valores estranhos trazidos pelo progresso que abriu
as portas à globalização. Por isso, essa coisa do não ligues que não passa de
folclore, já deveria estar varrida da mente dos que não gostam do povo.
Mas nada me admira que ainda haja quem não compreenda que o “popular” e o
“erudito” são duas faces da mesma moeda, a Cultura, onde ocupam lugares e não
patamares. E é o respeito por estes princípios que nos garantem as nossas
“raízes”, o “tradicional”, a nossa “identidade cultural”
Por incrível que pareça, o mistério da Cultura ou entidade a quem o
delegue, não tem um pelouro que a questões do Folclore e Outros Patrimónios
“responda prontamente e com credibilidade” e é urgente que o assunto seja
resolvido.
EDUCAÇÃO
PARA A CULTURA DA TRADIÇÃO
Um
povo sem memória não existe
Sem
dúvida que para cada um de nós a nossa
terra é sempre a melhor. Não pelo facto de na mesma se ter nascido, o que
até pode ter acontecido por um simples acaso, mas porque ligado a ela nos formámos, naturalmente nela
encontramos as nossas raízes - que nos caracterizam e
enriquecem nas diferenças.
É
o FOLCLORE, são as tradições, são os usos e costumes a marcarem um meio quando ainda não influenciado por
padrões universais. E são essas RAÍZES que hoje, mais do que nunca, interessa
preservar e constituem a nossa afirmação
neste derrubar de fronteiras na Europa como no Mundo.
É
QUE UM POVO SEM MEMÓRIA NÃO EXISTE, pelo que é preciso que este País, que é o
nosso, vá sendo construído em português. O
que não significa um erguer de barreiras, um delimitar de fronteiras a não
ser as culturais. Porque é nas
diferenças que o convívio entre os povos se consolida, assim como na identidade se reforça a evolução
natural das coisas.
É
a maneira de ser e de estar que caracteriza um povo. E por isso mesmo, quando
hoje se pretende definir o que é um homem culto, uma certeza de imediato se
perfila - a de que não importa a soma de conhecimentos, se ignorada for a
realidade do meio em que nos inserimos, nos formámos. Verdade esta que, sem
manipulações, deve estar presente a partir dos bancos da Escola, já que a
criança só sabe (e pode) amar aquilo que não desconhece.
Temos, pois, que importa
compreender e defender o nosso património, a nossa identidade,
até porque o desenvolvimento só coabita com uma população culturalmente
evoluída, o que não pode acontecer no
desconhecimento das raízes que nos definem, no ignorar das memórias do povo que
somos.
É,
pois, um facto, que um povo sem memória
não existe. Há por isso que a preservar investigando, reconstituindo e
divulgando. Sendo que, inclusivamente a deslocação de um grupo de folclore às nossas Comunidades espalhadas pelo mundo
será sempre um bom serviço prestado ao país, desde que esse mesmo grupo seja credenciado por um correcto trabalho de
pesquisa, seja de facto representativo.
Temos, pois, que investigar, reconstituir,
preservar e divulgar as nossas tradições, se torna prioritário.
Não
há no nosso país uma “Educação para a
Cultura da Tradição”, embora
sejamos o povo que mais a respeita; não temos nas nossas Televisões um único
programa que a promova - aliás não há um conceito de qualidade, e de
representatividade, sempre que se
escolhe um grupo - porque o mesmo tem que assentar o seu trabalho em bases científicas já que, como se sabe, a
Etnografia e o Folclore são ramos auxiliares da Antropologia Cultural. Sendo
por exemplo triste ouvir um nome sonante da Televisão perguntar a responsáveis
de grupos que lá vão, sem critério de escolha, quem escreveu as cantigas e
desenhou os fatos, desconhecendo que naturalmente tudo isso teve os seus
autores cujos nomes se perderam no entanto no decorrer dos tempos, acabando por
cair no domínio público e ser assimilado natural e voluntariamente pelo Povo.
Refira-se,
entretanto, que quando dizemos que se devem delimitar as fronteiras culturais,
queremos referir que se deve respeitar a cultura tradicional, outra maneira de
dizer folclore. Porque se este não mais evolui, a tradição continua a evoluir,
dando lugar a novas formas de cultura que serão estudadas e terão o seu lugar
no mundo global da cultura. Assim como quando se diz que “investiguemos”,
devemos ter consciência de que começar do zero, já não se pode recuar no tempo
como tem sido possível, pois o livro da Sabedoria do Idoso, está a perder as
últimas páginas.
Como
já dissemos, é preciso que este País “vá
sendo construído em português “é preciso que os nossos jornais ponham de
lado os “estrangeirismos” e os “DICIONÁRIOS” não façam as novas entradas a seu
belo prazer.