quinta-feira, 30 de abril de 2020

Parque deserto


Primavera no início. Cabrinha,
bem saltas e não chegas
dos carvalhos às tenras folhas novas.

*

Ah! Chegaste enfim.
A vida depende
apenas do treino.

*

A vida é treino.
Treino para a morte.
Treino para a luz.

*

Também na pandemia
os humanos são o perigo.
Tranquilo pasta o cavalo só.

*

Distante quem diria
o cavalo branco sai
da relva, reina no asfalto.

Águas Santas, 30-03-2020

José Carlos Costa Marques
(Poeta, tradutor, editor e ecologista)

O começo


  Ao iniciarmos esta viagem, em primeiro lugar quero agradecer aos confrades que de imediato se propuseram colaborar nele.
  Depois, como estamos em tempos de confinamento, referir que - como continuo rodeado de música para iluminar os meus minutos - dei-me anteontem a ouvir, no abençoado Youtube, um dvd de música francesa, da antiguinha, da já clássica...
   E, vai daí, feito curioso, fui ler alguns dos comentários postos por outros ouvintes.
    Dois deles tocaram-me particularmente. Pertencem a quem eu costumo chamar poetas sonegados, ou seja: pessoas que se calhar nunca escreveram qualquer verso e humildemente, congemino, nem sabem nem reparam que têm muita poesia dentro.
   O que para mim é comovente. E aqui os deixo para todos lerem:

1.   “Tenho 68 anos, estamos em plena pandemia do coronavírus, tô isolada em casa já há dez dias. Moro sozinha, sou artesã e hoje resolvi fazer uma faxina no meu ateliê curtindo essas músicas francesas maravilhosas. Sou de Joinville SC, estou tranquila, com pensamento positivo e muita esperança de que venceremos mais essa batalha.”
 2.  “Fiquei ouvindo as músicas e lendo os comentários, senti como se estivéssemos conversando sobre nosso passado, nossas vidas. Aquele tempo de sentimentos mais puros, amores que eram carregado de sonhos, de esperança, de desejo de construção de felicidade. Hoje, sozinha, confinada pelo medo da contaminação pelo coronavírus, penso que jamais voltaremos a sonhar como antes. Há uma névoa de morte e dor. E eu, se pudesse pedir algo, pediria uma última dança de rosto colado, uma última taça de vinho, um brinde a tudo que vivemos naquele tempo. Recebam um abraço virtual.”.

    E agora, para nos refrescarmos, uma cançãozinha de bom quilate do grande Arlindo de Carvalho:



Aos confrades, amigos, adeptos e simpatizantes

     Devido a um problema informático de última hora, não nos será possível fazer a postagem desta semana.    Esperando resolvê-lo em breve,...