terça-feira, 30 de maio de 2023

Aos confrades, amigos, adeptos e simpatizantes

 



   Devido a um problema informático de última hora, não nos será possível fazer a postagem desta semana.

   Esperando resolvê-lo em breve, daqui vai um abraço para todos.

NS

JS

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Para que a Terra não esqueça

 

"Não há contradições" em Galamba, diz Costa

 

Primeiro-ministro diz que foi informado por Galamba do que tinha ocorrido, mas já depois dos factos reportados ao SIS. Garante que não há contradição e que o que o SIS fez foi "operação corriqueira".

(Dos jornais)

 

   O que mais me irrita em António Costa é a sua enorme desfaçatez e tomar-nos a todos por acéfalos. O depoimento de João Galamba está cheio de contradições sobre horas, a quem telefonou, e quantas pessoas afinal estavam no gabinete e participaram na dignificante cena de pancadaria e puxões da mochila.(…) 

J. Floriano


Dois poemas de Jean Hautepierre

 

UM DIA, QUANDO NÓS TIVERMOS VIVIDO

 

Um dia, quando nós tivermos vivido

Virá o tempo de desaparecer;

Dias que nós já não veremos

Se levantarão sobre outros seres.

 

Na longa noite, no gelo,

Tudo desaparecerá como um grande sonho

- No silêncio e na morte

É a eternidade que se alonga.

 

E assim será o último sono

Onde tudo terá desaparecido - o senhor

Ao vivente tão parecido

Como as ondas, o azul, o sol…

 

Não teremos sido mais que espectros?

 

 

2 DE NOVEMBRO

 

Tu regressas, pálido dia dos mortos,

Lençol do céu onde tudo adormece,

Como um deus vencedor pairando

Sobre tudo o que morre, tudo o que desfalece.

 

Contigo regressam os lutos,

Os anos e a sua vaga de caixões

Que o teu sol friorento ilumina

- Sol de morte, sol de ruína.

 

E sempre os gritos sufocados

Dos teus amigos, o aborrecimento, o vento,

Reinam sozinhos sobre a terra cansada;

A vida extingue-se, o tempo tudo apaga.

 

Tradução de Cristino Cortes


José do Carmo Francisco, Postal nº 24 para Ana Isabel

 


Asger Jorn


Toda a crónica é, em princípio, uma história de poucas palavras. Ou de vinte linhas no «Word» que toda a gente tem - até os sem-abrigo. Maria Eulália de Macedo (1921-2011) escreveu «Histórias de poucas palavras» (Ática) livro editado em 1971 com apresentação de Jacinto do Prado Coelho. Foi Maria Ondina Braga (1922-2003) que me revelou este livro repetindo uma frase da apresentação: «Maria Eulália de Macedo é uma escritora genuína». Essa qualidade aparece logo na página 13 quando a autora refere Amarante: «Tenho pela minha terra um amor duro e enxuto de lirismo. É deste chão que eu sou e dele gosto. Uma terra de poucos turistas, sem notícias no jornal, sem ranchos de folclore, sem arte regional. Não há Casa do Povo e muitas vezes o povo não tem casa.» Em 1971 as pessoas comunicavam mesmo sem Internet, telemóveis ou computadores. A um recluso de um Estabelecimento Prisional que lhe pediu por carta uma definição de Poesia, respondeu: «Para mim, Poesia é estar atento e aberto ao que somos e nos ultrapassa. É uma espécie de fugidio sacramento. A exigente voz das coisas que são verdade – para além da verdade das coisas.» Num outro texto do livro, Maria Eulália de Macedo afirma: «O único remédio é amar. Amar as coisas e amar as pessoas, amar as cores, as mutações da hora, o ciclo das estações, amar o tempo de ser, de lembrar, de conhecer.» Mais de cinquenta anos depois da sua publicação o que fica deste livro passa para além das vinte linhas do «Word» mas na relativa pressa de fechar o postal ainda há tempo para assinalar um título («Quase um poema para um rio») porque todas as crónicas são isso mesmo – quase poemas. 


Enrique Iglesias, Mentiroso

 



segunda-feira, 8 de maio de 2023

Para que a Terra não esqueça

 

“A língua portuguesa precisa de uma descolonização”

Prémio Camões para Paulina Chiziane, que aprendeu a escrever

"na areia do chão".


(Dos jornais)

 

    Muito bem…! Pode começar pelo seu próprio país e criar um sistema de educação decente, arranjar carteiras, livros e cadernos para os alunos, pagar adequadamente aos professores, acabar com a venda de notas nas escolas, produzir livros de ensino sem erros.

Carlos Pamplona

 

    Lá estão eles sempre muito preocupados com o que devia ou não ser feito nos países dos outros quando vêm de pátrias falhadas onde muito mas muito mais haveria a fazer e criticar ... Porque não aproveitam a independência para tentar construir algo parecido com um país ao invés de andarem sempre a criticar os outros? Não gostas não comas - ir criticar os outros nas suas casas após ser convidada é de uma falta de chá...

Nuno Carvalho


Um poema de José Carlos Breia

 





DOS REIS

 

Dos quatro reis que eram três,

porque um deles se perdeu

e seu nome se apagou,

um viria dos caldeus,

da velha terra de Ur,

era dos três o mais velho,

já na casa dos setenta,

chamava-se Belchior,

trazia ouro consigo.

Outro da Arábia Feliz.

O terceiro destes reis,

que se chamava Gaspar

e só tinha vinte anos,

viria de terra farta

banhada pelo Mar Cáspio.

Trazia mirra na bolsa.

 

Deixei Baltazar para o fim,

o que era feliz da Arábia,

que tinha quarenta anos

era mouro e muito alto.

Com ele trazia incenso,

uma língua mui prudente

com que baralhou Antipas

sobre os motivos que tinham.

 

Mas como é que se encontraram

Estes reis e para quê?

 

Diz a lenda que uma estrela

( era um ovni com certeza )

a cada um encontrou

e os levou de caminho

para verem um menino

que uma luz por cima tinha.

 

Dos ouros, incensos, mirras

nunca mais se ouviu falar.

Dos três reis nunca se soube

se voltaram donde vinham

ou se o ovni os levou

como fizera ao profeta.

 

Se viram deus não se sabe.

Mas que viram um menino,

chorando por entre as palhas,

diz a lenda que é verdade.

 

Ao quarto rei que perdido

perdeu o nome também

que terá acontecido?

Que trazia nos alforges?

Quem sabe donde viria?

Talvez do Reino Amarelo

e chá consigo trazia.

 

O aroma da infusão,

o delicado sabor,

talvez o levasse ao sonho,

talvez à meditação.

 

Assim, ao perder a estrela,

ficou ausente da história.

Mas pode tê-la sonhado

 

Agora, ao beber meu chá,

penso muito nesse rei

que nunca tendo chegado

nunca ao menino deu nada.

 

Dos ouros, incensos, mirras

nunca mais se ouviu falar.

Mas o chá que o rei foi dando

pelo caminho que achou,

rescende na minha taça

e faz-me sonhar também

o sonho que, acaso teve,

o rei que nunca chegou.

 

Do livro “OUTRO LADO”


Nicolau Saião, Sobre um poema de José Régio

 



“Toada de Portalegre” - dois rascunhos prévios

 

A poesia, já se sabe, é a seu modo um processo de acumulação e juntura. Qual o seu secreto encadeamento, qual o percurso que toma a sua ordenação, de que forma o poeta talha e restaura, observa e finalmente conclui? Perguntava Camus, a certo passo dum texto seu: “Quem testemunhará por nós?” e respondia de imediato: “As nossas obras”. Apontava, é claro, para o testemunho da obra acabada no seu ciclo de coisa espiritual, de matéria interior que transporta para os vindouros, com toda a sua carga própria, as perguntas e as respostas que nos é dado formular.

Mas, em simultâneo, é fascinante e importante a mais dum título que tanto quanto o possamos fazer nos debrucemos sobre o suporte em si, seja no caso da poesia ou da pintura, da música ou da filosofia, serve dizer: nos ramos das actividades superiores que, por o serem, não estão dependentes de eventuais manobras ilegítimas de tiranos ou de equívocos mandantes, ainda que a matéria em que se revelem esteja por vezes submetida a ditames exteriores à vontade de quem as utiliza. Porque, nas suas vias interiores, os poetas não têm dono, não são assimiláveis pelos que, frequentemente, tentam à custa deles estabelecer currículos, efectuar brilharetes duvidosos, bolsar jaculatórias de nulo poder encantatório. Não falando, é claro, no caso extremo de quem subtrai à visão e fruição de outrem as produções com que os autores buscam interpelar o seu tempo e o tempo a vir.

Já vários ensaístas e poetas têm analisado proficientemente a questão dos vestígios. Deixa-se adivinhar a seguinte pergunta: o rigor interior duma obra pode ser divisado, digamos, no rigor do suporte? É inevitável lembrarmo-nos de Balzac e das sucessivas emendas a que submetia os seus escritos, cujos gatafunhos desesperavam os tipógrafos, ou das partituras de Schubert frequentemente lançadas num qualquer papelucho que lhe caía nas mãos, ou até sobre o tampo de mesas até que um fortuito papel salvador lhe chegasse…

Como se estrutura pois a matéria criada, de que maneira peculiar voga e navega o processo criador - tal pode entrever-se pela observação desses vestígios que os diversos autores nos legam ou simplesmente vão deixando na sua viagem pelo tempo que lhes coube viver. No caso que a seguir abordaremos isso naturalmente acontece.

Cedidas em fotocópia pelo Dr. Manuel Inácio Pestana - a quem fora oferecida reprodução das mesmas pelo coleccionador António Capucho - temos na nossa frente as duas versões prévias (deverá chamar-se-lhes rascunhos?) do conhecido texto regiano que fez e muito bem momentos inesquecíveis de muitos leitores tanto lusitanos como brasileiros. Dediquemos-lhes atenção, visando deixar algumas pistas consistentes.

A primeira versão, exarada na bela e clara letra de Régio, tem emendas em todas as páginas, sendo de assinalar que a “emenda” da décima é um acrescento no verso da mesma; acrescento significativo, uma vez que é a famosa reflexão que começa: “O amor, a amizade e quantos/ Mais sonhos de ouro eu sonhara,(…)” aliás também emendada na oitava linha. As páginas 2, 5, 7 e 10 são ilustradas por desenhos como que ao correr da pena.

Contudo, apesar de o serem, diria que nos mostram a preocupação plástica do poeta duma forma incisiva: o desenho da página 10, por exemplo, patenteia-nos um rosto arrepanhado, dorido, inclinado sobre a esquerda (tradicionalmente o lado do coração), um rosto que o poeta frequentemente plasmou em desenhos diversos. Na segunda versão, apenas uma palavra foi substituída na primeira linha da oitava página - retomando aliás a palavra escrita na primeira versão: desgraçados em vez de enforcados, que para Régio decerto marcava em demasia a sequência da estrutura do poema. De assinalar, ainda, que nenhuma destas versões manuscritas contém a palavra atónito, que se lê na versão publicada em livro (“Deixado só, nulo, atónito…); nelas, a que consta é a palavra vácuo.

“Esta é a minha mão das palavras”, diz num seu poema Carlos Edmundo de Ory (em excelente tradução de Herberto Hélder). A mão interior dos poetas procura na escuridão e no silencio “le mot juste” para tentar redefinir o mundo, para adequar o seu percurso próprio a uma rota de liberdade, de felicidade e de sabedoria.

É essa a única aposta que vale a pena como referia Mathew Mead, a única tarefa que ao poeta eventualmente caberá e que num universo de inquietações várias faz de facto sentido. O resto, coisas um tanto espúrias que a vida civil pela mão de alguns tenta colar ao perfil dos criadores, é apenas acrescento frequentemente inútil ou dispensável.

Régio, como grande escritor que era, sabia-o na perfeição.


Dire Straits, Sultans of swing

 



segunda-feira, 24 de abril de 2023

Para que a Terra não esqueça

 

EM 25 DE ABRIL CONVIRÁ LEMBRAR





Wokismo: a doença mental que destrói o Ocidente

 

No meio desta loucura medonha, há piadas que já não se podem contar. Há roupas que já não se podem vestir. Há livros que já não se podem ler. Há palavras que já não se podem usar.

(Dos jornais)

 

   O Wokismo é como uma praga que destrói tudo por onde passa. É preciso colocar barreiras ao seu avanço.

Carminda Damião

 

   O wokismo é a revolução perpétua defendida por alguns teóricos críticos para quem de critica em critica se arranca a erva daninha que automaticamente mostra o Jardim. Nada têm para oferecer para além disso. Não têm ideias, não têm planos, apenas critica constante em nome dos historicamente oprimidos. Tudo é racismo, tudo é homofobia, tudo é sexismo, tudo é culpa de alguma estrutura e todas elas foram construídas pelo Ocidente.

Ark Nabul

 

  O wokismo inscreve-se num vasto arsenal ideológico designado por socialismo com que a China vai “dissolvendo” o Ocidente para o conquistar económica, política e militarmente. 

Paulo Morisson


   Confesso que esta moda no meio que frequento provoca o efeito contrário; cada vez mais fazemos questão de dizer e usar as palavras que nos apetecem. Deve ser da idade mas estamo-nos a borrifar. Gordo, feio, medonho, preto, chinoca, mulher, homem, maricas ou mariquinhas(com o signo da minha infância que era medroso), idiota, tacanho, piroso, etc. Quanto à história pátria não estamos também em idade de reaprender. Por tanto, fica como está. As coleções de livros (Christie, Blyton, etc) está aqui guardada para os netos. E, tendo educado os meus filhos com um grande apreço pela liberdade, bom senso e conhecimento, espero que façam o mesmo aos filhos deles. Porque não somos carneiros nem andamos em rebanho. E porque a doença só se apanha se nos pusermos a jeito. Quando votarem, votem em consciência. E escolham quem os represente. Simples, simples.

Maria Clotilde Osório

Um poema de João Garção

 




FOTO DE ABRIL

 

O pai chegava tarde…A mãe e os avós

(que o mano era pequeno) estavam sempre comigo.

Então o pai chegava, perguntava da escola

perguntava das coisas que a mãe lhe sussurrava.

 

A escola era a Escola onde eu agora andava.

E a mãe pela manhã falava devagar

arranjava-me o lanche, chamava-lhe merenda

e eu ia no autocarro (sem o mano que tinha)

 

Eu não sabia de anos    só sabia de meses

- o que a mãe me ensinara e que na escola aprendia –

(o mano era pequeno!) eu jogava sozinho.

O pai que vinha tarde não jogava comigo.

 

E o pai que vinha tarde    mesmo se era Domingo

chegou perto da porta na manhã daquele dia.

Havia gente na rua    e gente que gritava

E na televisão     muitos desconhecidos.

 

E o pai depois daquilo     disse-me: anda jogar

Anda jogar meu filho    pois já não há fascismo.

E o pai que vinha tarde jogou comigo à bola

na rua da Amoreira    a rua pequenina

 

E a mãe chorou ao ver-nos    e eu não a entendia

a mãe que era só minha (e do mano que havia)

Eu sabia de meses    mas não sabia de anos

E jogava com o pai    pois já não há fascismo

 

A avó não gritava    Levava-me p’la mão

até ao autocarro    E para a Escolas eu ia

Sozinho ia p’rá Escola (o mano era pequeno…)

- E eu e o pai jogávamos quando eu de lá vinha

 

Jogávamos jogávamos – eu e o pai jogávamos

E o mano (era pequeno!) olhava sentadinho

E a mãe também por vezes nos olhava a jogar

Pois já não há fascismo    Pois já não há fascismo!

 

in “Os versos do Zé Povão”


Hoje como sempre!

 


ns


   Lembrar o 25 de Abril legítimo e democrático é também recordar e celebrar o 25 de Novembro. Sem ele teríamos mergulhado no sinistro regime que os totalitários daquela altura – e de agora – queriam instaurar com cínicas justificações, que não resistem a uma análise séria e fundamentada.

  Ontem, tal como hoje, a realidade tem desmascarado a formação e formações anti-democráticas com que nos queriam e querem roubar o futuro, utilizando uma verborreia propagandística no intuito de nos levarem à certa. Tal como o fizeram nos países onde assentaram pé e nos quais tripudiaram levianamente sobre os respectivos povos que fingem proteger, mas que em essência sempre tutelam com a repressão.

   Saibamos ser firmes e lúcidos (como o foram Salgueiro Maia ou Jaime Neves) para que a democracia – ainda que imperfeita ou maculada por inanidades de gente que lhes é próxima – permaneça viva e persistente.

   Devemos isso aos nossos descendentes e a todos os concidadãos que partilham connosco esta casa comum!

 

nicolau saião

Joaquim Simões


Diogenes Sidney, Paz e liberdade

 



segunda-feira, 17 de abril de 2023

PÓRTICO

 


ns



   Não me “debruço”, com um sim ou com um não, sobre as marotices, parece que platónicas porque mais não conseguia, do emérito Boaventura Sousa Santos. Isso ficará, se houver coragem ou razão, para as entidades jurídicas ou outras, apropriadas. Apenas quero referir que no capítulo estudos sociais e pseudo científicos já há razoável período de tempo este cavalheiro foi desmascarado, de forma arrasadora e definitiva, pelo Professor António Manuel Baptista, esse sim um verdadeiro cientista, que nos seus livros “O discurso pós-moderno contra a Ciência” e “Crítica da razão ausente” efectuou competentemente um escalpar memorável do personagem que, o que não espanta, com habilidades maneirinhas sempre se esquivou a um frente-a-frente directo com aquele mestre da Física e justo crítico dos seus desarrincanços.

  BS Santos, nessa circunstância, teve o apoio – e o contrário é que seria de espantar – do colectivo ultra-esquerdista ou boa-boca de cavalheiros da corda, entre os quais se destacava o célebre Eduardo Prado Coelho, o mesmo que José Martins Garcia desmascarou sem hesitações durante o famoso caso do jornal República.

  Não é pois de estranhar que, encabuladas/os agora ante o vendaval de acontecimentos grotescos bem típicos desta “sociedade criminal”, certos boys and girls esganiçados ou com fala de galo-capão se calem prudentemente ou, com alguma discrição, venham tentar justificar o velho guru das esquerdas totalitárias e autor de versos medíocres ou decididamente míseros para quem tenha um mínimo de sentido crítico ou de decência intelectual.

  Digamo-lo sem subterfúgios: não é BSS quem sai mais mal-ferido desta torpe arlequinada. São, sim, os que durante anos e anos babujaram esta figura e lhe sublinharam a “filosofia”, o “cientismo”, ou mesmo lhe transcreveram com unção de “velhas beatas” os textos ideológicos propagandísticos em que se transbordava e repoltreava visando instaurar um mundo em que Estaline e demais canalhas políticos se reconheceriam.

   O caso em que BSS está metido vem, à puridade, desvelar perfeitamente uma prática que tem tentado colocar a canga esquerdóide a todos nós, sejamos de esquerda, de centro ou de direita mas com honradez e bom-senso e, o que é mais grave e significativo do mau trabalho dos “governantes” que lhe davam e ainda dão cavalaria, usando de forma (in)conveniente o dinheirinho de todos nós!


nicolau saião

Jorge Gaillard Nogueira

Álvaro de Navarro

Manuel Carreira Viana

Joaquim Simões


Para que a Terra não esqueça

 




Estaline: um "intelectual" manchado de sangue


"A Biblioteca de Estaline" é um livro que mostra outro Estaline que não o indivíduo grosseiro e medíocre, mas que está longe de ser convincente na sua tentativa de o apresentar como sendo intelectual.

Quando o assunto é Josef Estaline, “tirano sanguinário, um político-máquina, uma personalidade paranoica, um burocrata sem piedade e um fanático ideológico” são epítetos que nos ocorrem — e que abrem o livro do historiador Geoffrey Roberts

(Dos jornais)


  Pelos vistos está em curso a reabilitação de Estaline, o mais criminoso dos déspotas comunistas, responsável pela aniquilação de dezenas de milhões de cidadãos comuns que no socialismo usou as gentes como recurso consumível. Esta reabilitação sempre assumida pelo PCP e continuadamente aceite pelo Centro esquerda português, terá agora como pano de fundo a presença do Lula na AR, no dia 25 de Abril na AR, o corrupto e marxista presidente brasileiro que agora está na China, a tentar forçar os países ocidentais livres e democráticos a não mais ajudarem a Ucrânia a defender-se da vil invasão russa. Contra esta escabrosa presença do criminoso Lula - patrocinada pelo Marcelo Rebelo de Sousa - só resta agora confrontar todos os mais altos dignatários da ação política que de uma forma ou de outra aceitem a indignidade de se receber com honrarias o criminoso amigo do invasor Putin.

Jorge Barbosa


Dois poemas de Jean Hautepierre

 

NEVOEIRO, NEVOEIRO, NEVOEIRO SOBRE O CANAL


Canal de Nieuport, 7 de Janeiro de 2017


Nevoeiro, nevoeiro, nevoeiro sobre o canal.

Tudo se dissolve nesta tarde de Outono,

Tudo se dissolve nesta luz cinzenta

As correntes, o céu, o sol e a terra.

 

Tudo parece fugir para longe - e o horizonte,

Último reflexo do sonho nessa bruma,

Parte para longe logo que a noite se ilumina,

E tudo desaparece nessas estações mortas.

 

Nevoeiro, nevoeiro, cidadela das sombras,

O teu surdo véu extingue tudo o que é vivo;

Tudo morre em ti, tudo morre até à noite

- E o horizonte, e os astros sem número.

 


 

TIRÉSIAS


Ele via na noite, ele via através dos sonhos,

Ele via no eco duma sombra que foge,

Mesmo através dos céus por onde o nevoeiro se estende

- E até quando tudo se afogava no fluxo do esquecimento.

 

O mundo era para ele um vento, um sopro, uma onda

Onde tudo se confundia e vibrava; um éter

Percorrendo sem cessar a sua alma vagabunda,

Rainha de todos os tempos e todos os universos.

Tudo lhe falava: o voo duma ave, o fumo

Que subia, serpenteando entre as nuvens…

 

E ele fixava a vida, a luz, e a maneira

Dos seus grandes olhos espantados devorando-lhe o rosto,

Os seus olhos que percebiam os tempos e os espaços,

Os seus olhos, apagados, como sóis que tivessem morrido.

 

Tradução de Cristino Cortes


Nicolau Saião, Mais uma lembrança… - De “Retratos de fantasmas nítidos”

 


ns



A Rosa de Todo o Ano


Não se chamava Rosa, ‘tá de ver, mas eu chamava-lhe assim. Criada de todo o serviço duma família de teres, ia à praça, varria as escadas do prédio de seus patrões, lavava janelas e batia tapetes, lá para dentro certamente se dava a misteriosas tarefas de cosimentos e cozinhados, habituada a alombar, percebia-se, com tudo o que requisitasse suor. Quando eu morava na parte velha da cidade, nos meus tempos de gaiato, encontrava-a frequentemente numa loja de tecidos a mercar carrinhos de linha e a buscar a caixa das amostras de botões, aparelho misterioso e encantado com encaixes sobrepostos como jardins suspensos que também eu transportava para minha tia, que cosia para fora como franco-atiradora de linhas e agulhas.

   Sempre jovial, dava-se bem com vizinhos e lojistas. Quarentona, ainda denotava que fora linda cachopa. Mas, retirada das lides do coração, ficava-se perceptivelmente pela existência de mourejadoura a todo o pano. Constava que tinha um filho lá para os longes de uma mirífica Lisboa, marçano ou manga-de-alpaca de pequeno porte em lugares mais ou menos lendários. Portalegre naquela altura ficava longíssimo da capital, daí o desapego aparente. Um dia, ia eu nos meus catorzes/quinzes, perguntou-me onde comprara uma capelinha de macela que por esses dias de S.João eu levava nas mãos (todos os anos as compro, rendido às flores secas da tradição).”Foi ali na do senhor Xis, senhora Rosa…”, disse-lhe eu deixando escapar a boca para a crisma que lhe dera. “Eu não me chamo Rosa, menino! Sou …” e lá me disse o nome que agora omito a vosselências. E daí em diante, sempre que nos cruzávamos, cumprimentávamo-nos como velhos conhecidos. Sabia lá ela quanto eu apreciava a sua lhaneza natural, a sua inocente bondade de burrinha de trabalho e que eu somente deixava transparecer na minha saudação respeitosa!

   Como outros de outros mesteres, perdi-lhe depois o rasto, ao mudar de casa para lugares mais centrais. Ainda estará viva? Se assim for deve decerto trabalhar para os netos, nessas paragens lisboetas onde talvez se tenha juntado ao filho por reforma bem suada. Deverá, concerteza, continuar anciã de boa catadura: os pequenos lojistas e os vizinhos devem apreciá-la, num relacionamento fácil e contente com este saintéxupery feminino e anónimo cruzando a terra dos homens do quotidiano esvoaçante.


Ray Conniff, Aquarela do Brasil (Ary Barroso)

 



Aos confrades, amigos, adeptos e simpatizantes

     Devido a um problema informático de última hora, não nos será possível fazer a postagem desta semana.    Esperando resolvê-lo em breve,...