DOS REIS
Dos quatro reis que eram três,
porque um deles se perdeu
e seu nome se apagou,
um viria dos caldeus,
da velha terra de Ur,
era dos três o mais velho,
já na casa dos setenta,
chamava-se Belchior,
trazia ouro consigo.
Outro da Arábia Feliz.
O terceiro destes reis,
que se chamava Gaspar
e só tinha vinte anos,
viria de terra farta
banhada pelo Mar Cáspio.
Trazia mirra na bolsa.
Deixei Baltazar para o fim,
o que era feliz da Arábia,
que tinha quarenta anos
era mouro e muito alto.
Com ele trazia incenso,
uma língua mui prudente
com que baralhou Antipas
sobre os motivos que tinham.
Mas como é que se encontraram
Estes reis e para quê?
Diz a lenda que uma estrela
( era um ovni com certeza )
a cada um encontrou
e os levou de caminho
para verem um menino
que uma luz por cima tinha.
Dos ouros, incensos, mirras
nunca mais se ouviu falar.
Dos três reis nunca se soube
se voltaram donde vinham
ou se o ovni os levou
como fizera ao profeta.
Se viram deus não se sabe.
Mas que viram um menino,
chorando por entre as palhas,
diz a lenda que é verdade.
Ao quarto rei que perdido
perdeu o nome também
que terá acontecido?
Que trazia nos alforges?
Quem sabe donde viria?
Talvez do Reino Amarelo
e chá consigo trazia.
O aroma da infusão,
o delicado sabor,
talvez o levasse ao sonho,
talvez à meditação.
Assim, ao perder a estrela,
ficou ausente da história.
Mas pode tê-la sonhado
Agora, ao beber meu chá,
penso muito nesse rei
que nunca tendo chegado
nunca ao menino deu nada.
Dos ouros, incensos, mirras
nunca mais se ouviu falar.
Mas o chá que o rei foi dando
pelo caminho que achou,
rescende na minha taça
e faz-me sonhar também
o sonho que, acaso teve,
o rei que nunca chegou.
Do livro “OUTRO LADO”
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