Vítima de doença prolongada morreu a poetisa
Ana Luísa Amaral, aos 66 anos.
Também
tradutora e ensaísta, é autora de mais de três dezenas de livros. Na academia,
dedicou-se às áreas de poéticas comparadas e estudos feministas. Foi
galardoada, por várias vezes, com prémios significativos certificando a sua
alta qualidade de escritora.
Citamos,
dos jornais: No ano passado, em entrevista à Lusa a propósito da edição do livro “Mundo”, defendeu
que a “poesia não tem de ter mensagem nenhuma”, criticando mesmo a “galeria de
diferentes verdades” que “extremaram” as discussões de forma “insuportável”. O que tem de haver na
poesia, dizia, “é a paixão pela língua e pelo que os outros escreveram. Todo o
escritor é um leitor. Sempre”. “Isso é uma ideia um bocadinho neorrealista, na
chamada poesia comprometida, que a poesia tem que ter uma mensagem, de passar
uma mensagem da desigualdade, da luta de classes. Nós, enquanto seres humanos e
cidadãos e cidadãs, sendo comprometidos com o mundo, é natural que essas
preocupações de alguma maneira transpirem para aquilo que nós fazemos, que nós
escrevemos”, explicou.
E
mais adiante: Foi por isso que a “chocou bastante”, certa vez, quando
alguém lhe disse que “as palavras não lhe interessavam para nada, o que lhe
interessava era o que elas convocavam”. “Mas então, onde está a poesia? A
poesia é feita de palavras”.
Evidentemente
que quem lhe disse tal coisa tinha plena consciência do facto. Mas o que lhe
interessava realmente, ao veicular tal conceito, era cifrar um dado: para esse
tipo de gente o que conta é a supremacia da propaganda – e da
mais rasteira. Como a que se praticava nas ditaduras, todas elas, de que este
tipo de gente é partidária.
Ana
Luisa Amaral, era pois não só uma autora de qualidade mas também uma pessoa
sensata e lúcida.
Lamentamos
profundamente o seu desaparecimento e apresentamos à sua família as nossas
condolências.
Nicolau
Saião
Joaquim
Simões
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