terça-feira, 2 de agosto de 2022

Lino Mendes, Sobre folclore

 


ns



Quem quiser estudar profundamente o folclore, e para isso tiver capacidade que para todos não será igual, não pode ignorar os “saberes empíricos”, só por si insuficientes mas indispensáveis, não pode esquecer-se que pela UNESCO o mesmo foi reconhecido como “cultura tradicional e popular”, sendo por isso as raízes de todos os usos e costumes, de todas vivências quando as mesmas não eram adulteradas por valores estranhos trazidos pelo progresso que abriu as portas à globalização. Por isso, essa coisa do não ligues que não passa de folclore, já deveria estar varrida da mente dos que não gostam do povo.

Mas nada me admira que ainda haja quem não compreenda que o “popular” e o “erudito” são duas faces da mesma moeda, a Cultura, onde ocupam lugares e não patamares. E é o respeito por estes princípios que nos garantem as nossas “raízes”, o “tradicional”, a nossa “identidade cultural”

Por incrível que pareça, o mistério da Cultura ou entidade a quem o delegue, não tem um pelouro que a questões do Folclore e Outros Patrimónios “responda prontamente e com credibilidade” e é urgente que o assunto seja resolvido.

                

EDUCAÇÃO PARA A CULTURA DA TRADIÇÃO                                                                                                                                                                               

Um povo sem memória não existe

Sem dúvida que para cada um de nós a nossa terra é sempre a melhor. Não pelo facto de na mesma se ter nascido, o que até pode ter acontecido por um simples acaso, mas porque ligado a ela nos formámos, naturalmente nela encontramos as nossas raízes - que nos caracterizam e enriquecem nas diferenças.

É o FOLCLORE, são as tradições, são os usos e costumes a marcarem um meio quando ainda não influenciado por padrões universais. E são essas RAÍZES que hoje, mais do que nunca, interessa preservar e constituem a nossa afirmação neste derrubar de fronteiras na Europa como no Mundo.

É QUE UM POVO SEM MEMÓRIA NÃO EXISTE, pelo que é preciso que este País, que é o nosso, vá sendo construído em português. O que não significa um erguer de barreiras, um delimitar de fronteiras a não ser as culturais. Porque é nas diferenças que o convívio entre os povos se consolida, assim como na identidade se reforça a evolução natural das coisas.

É a maneira de ser e de estar que caracteriza um povo. E por isso mesmo, quando hoje se pretende definir o que é um homem culto, uma certeza de imediato se perfila - a de que não importa a soma de conhecimentos, se ignorada for a realidade do meio em que nos inserimos, nos formámos. Verdade esta que, sem manipulações, deve estar presente a partir dos bancos da Escola, já que a criança só sabe (e pode) amar aquilo que não desconhece.

Temos, pois, que importa compreender e defender o nosso património, a nossa identidade, até porque o desenvolvimento só coabita com uma população culturalmente evoluída, o que não pode acontecer no desconhecimento das raízes que nos definem, no ignorar das memórias do povo que somos.

 

É, pois, um facto, que um povo sem memória não existe. Há por isso que a preservar investigando, reconstituindo e divulgando. Sendo que, inclusivamente a deslocação de um grupo de folclore às nossas Comunidades espalhadas pelo mundo será sempre um bom serviço prestado ao país, desde que esse mesmo grupo seja credenciado por um correcto trabalho de pesquisa, seja de facto representativo. Temos, pois, que investigar, reconstituir, preservar e divulgar as nossas tradições, se torna prioritário.

Não há no nosso país uma “Educação para a Cultura da Tradição”, embora sejamos o povo que mais a respeita; não temos nas nossas Televisões um único programa que a promova - aliás não há um conceito de qualidade, e de representatividade, sempre que  se escolhe um grupo - porque o mesmo tem que assentar o seu trabalho em  bases científicas já que, como se sabe, a Etnografia e o Folclore são ramos auxiliares da Antropologia Cultural. Sendo por exemplo triste ouvir um nome sonante da Televisão perguntar a responsáveis de grupos que lá vão, sem critério de escolha, quem escreveu as cantigas e desenhou os fatos, desconhecendo que naturalmente tudo isso teve os seus autores cujos nomes se perderam no entanto no decorrer dos tempos, acabando por cair no domínio público e ser assimilado natural e voluntariamente pelo Povo.

Refira-se, entretanto, que quando dizemos que se devem delimitar as fronteiras culturais, queremos referir que se deve respeitar a cultura tradicional, outra maneira de dizer folclore. Porque se este não mais evolui, a tradição continua a evoluir, dando lugar a novas formas de cultura que serão estudadas e terão o seu lugar no mundo global da cultura. Assim como quando se diz que “investiguemos”, devemos ter consciência de que começar do zero, já não se pode recuar no tempo como tem sido possível, pois o livro da Sabedoria do Idoso, está a perder as últimas páginas.

Como já dissemos, é preciso que este País “vá sendo construído em português “é preciso que os nossos jornais ponham de lado os “estrangeirismos” e os “DICIONÁRIOS” não façam as novas entradas a seu belo prazer.


Sem comentários:

Enviar um comentário

Aos confrades, amigos, adeptos e simpatizantes

     Devido a um problema informático de última hora, não nos será possível fazer a postagem desta semana.    Esperando resolvê-lo em breve,...