Devido a um problema informático de última hora, não nos será possível fazer a postagem desta semana.
Esperando resolvê-lo em breve, daqui vai um abraço para todos.
NS
JS
Um espaço para todos os tempos, onde o leitor tem figura de corpo inteiro
Devido a um problema informático de última hora, não nos será possível fazer a postagem desta semana.
Esperando resolvê-lo em breve, daqui vai um abraço para todos.
NS
JS
"Não há contradições" em Galamba, diz Costa
Primeiro-ministro diz que foi
informado por Galamba do que tinha ocorrido, mas já depois dos factos
reportados ao SIS. Garante que não há contradição e que o que o SIS fez foi
"operação corriqueira".
(Dos jornais)
O que mais me irrita em António Costa
é a sua enorme desfaçatez e tomar-nos a todos por acéfalos. O depoimento
de João Galamba está cheio de contradições sobre horas, a quem telefonou, e
quantas pessoas afinal estavam no gabinete e participaram na dignificante cena
de pancadaria e puxões da mochila.(…)
J. Floriano
UM DIA, QUANDO NÓS TIVERMOS VIVIDO
Um dia, quando nós tivermos vivido
Virá o tempo de desaparecer;
Dias que nós já não veremos
Se levantarão sobre outros seres.
Na longa noite, no gelo,
Tudo desaparecerá como um grande sonho
- No silêncio e na morte
É a eternidade que se alonga.
E assim será o último sono
Onde tudo terá desaparecido - o senhor
Ao vivente tão parecido
Como as ondas, o azul, o sol…
Não teremos sido mais que espectros?
2 DE NOVEMBRO
Tu regressas, pálido dia dos mortos,
Lençol do céu onde tudo adormece,
Como um deus vencedor pairando
Sobre tudo o que morre, tudo o que desfalece.
Contigo regressam os lutos,
Os anos e a sua vaga de caixões
Que o teu sol friorento ilumina
- Sol de morte, sol de ruína.
E sempre os gritos sufocados
Dos teus amigos, o aborrecimento, o vento,
Reinam sozinhos sobre a terra cansada;
A vida extingue-se, o tempo tudo apaga.
Tradução de Cristino Cortes
Asger Jorn
Toda
a crónica é, em princípio, uma história de poucas palavras. Ou de vinte linhas
no «Word» que toda a gente tem - até os sem-abrigo. Maria Eulália de Macedo
(1921-2011) escreveu «Histórias de poucas palavras» (Ática) livro editado em
1971 com apresentação de Jacinto do Prado Coelho. Foi Maria Ondina Braga
(1922-2003) que me revelou este livro repetindo uma frase da apresentação:
«Maria Eulália de Macedo é uma escritora genuína». Essa qualidade aparece logo
na página 13 quando a autora refere Amarante: «Tenho pela minha terra um amor
duro e enxuto de lirismo. É deste chão que eu sou e dele gosto. Uma terra de
poucos turistas, sem notícias no jornal, sem ranchos de folclore, sem arte
regional. Não há Casa do Povo e muitas vezes o povo não tem casa.» Em 1971 as
pessoas comunicavam mesmo sem Internet, telemóveis ou computadores. A um
recluso de um Estabelecimento Prisional que lhe pediu por carta uma definição
de Poesia, respondeu: «Para mim, Poesia é estar atento e aberto ao que somos e
nos ultrapassa. É uma espécie de fugidio sacramento. A exigente voz das coisas
que são verdade – para além da verdade das coisas.» Num outro texto do livro,
Maria Eulália de Macedo afirma: «O único remédio é amar. Amar as coisas e amar
as pessoas, amar as cores, as mutações da hora, o ciclo das estações, amar o
tempo de ser, de lembrar, de conhecer.» Mais de cinquenta anos depois da sua
publicação o que fica deste livro passa para além das vinte linhas do «Word»
mas na relativa pressa de fechar o postal ainda há tempo para assinalar um
título («Quase um poema para um rio») porque todas as crónicas são isso mesmo –
quase poemas.
“A língua portuguesa precisa de uma descolonização”
Prémio Camões para Paulina Chiziane, que aprendeu a escrever
"na areia
do chão".
(Dos
jornais)
Muito bem…! Pode começar pelo seu próprio país e criar um sistema de educação decente, arranjar
carteiras, livros e cadernos para os alunos, pagar adequadamente aos
professores, acabar com a venda de notas nas escolas, produzir livros de ensino
sem erros.
Carlos Pamplona
Lá estão
eles sempre muito preocupados com o que devia ou não ser feito nos países dos
outros quando vêm de pátrias falhadas onde muito mas muito mais haveria a fazer
e criticar ... Porque não aproveitam a independência para tentar construir algo
parecido com um país ao invés de andarem sempre a criticar os outros? Não
gostas não comas - ir criticar os outros nas suas casas após ser convidada é de
uma falta de chá...
Nuno Carvalho
DOS REIS
Dos quatro reis que eram três,
porque um deles se perdeu
e seu nome se apagou,
um viria dos caldeus,
da velha terra de Ur,
era dos três o mais velho,
já na casa dos setenta,
chamava-se Belchior,
trazia ouro consigo.
Outro da Arábia Feliz.
O terceiro destes reis,
que se chamava Gaspar
e só tinha vinte anos,
viria de terra farta
banhada pelo Mar Cáspio.
Trazia mirra na bolsa.
Deixei Baltazar para o fim,
o que era feliz da Arábia,
que tinha quarenta anos
era mouro e muito alto.
Com ele trazia incenso,
uma língua mui prudente
com que baralhou Antipas
sobre os motivos que tinham.
Mas como é que se encontraram
Estes reis e para quê?
Diz a lenda que uma estrela
( era um ovni com certeza )
a cada um encontrou
e os levou de caminho
para verem um menino
que uma luz por cima tinha.
Dos ouros, incensos, mirras
nunca mais se ouviu falar.
Dos três reis nunca se soube
se voltaram donde vinham
ou se o ovni os levou
como fizera ao profeta.
Se viram deus não se sabe.
Mas que viram um menino,
chorando por entre as palhas,
diz a lenda que é verdade.
Ao quarto rei que perdido
perdeu o nome também
que terá acontecido?
Que trazia nos alforges?
Quem sabe donde viria?
Talvez do Reino Amarelo
e chá consigo trazia.
O aroma da infusão,
o delicado sabor,
talvez o levasse ao sonho,
talvez à meditação.
Assim, ao perder a estrela,
ficou ausente da história.
Mas pode tê-la sonhado
Agora, ao beber meu chá,
penso muito nesse rei
que nunca tendo chegado
nunca ao menino deu nada.
Dos ouros, incensos, mirras
nunca mais se ouviu falar.
Mas o chá que o rei foi dando
pelo caminho que achou,
rescende na minha taça
e faz-me sonhar também
o sonho que, acaso teve,
o rei que nunca chegou.
Do livro “OUTRO LADO”
“Toada
de Portalegre” - dois rascunhos prévios
A poesia, já se sabe, é a seu modo um processo de acumulação e juntura.
Qual o seu secreto encadeamento, qual o percurso que toma a sua ordenação, de
que forma o poeta talha e restaura, observa e finalmente conclui? Perguntava
Camus, a certo passo dum texto seu: “Quem testemunhará por nós?” e respondia de
imediato: “As nossas obras”. Apontava, é claro, para o testemunho da obra acabada no seu ciclo de coisa espiritual, de matéria interior que transporta para os
vindouros, com toda a sua carga própria, as perguntas e as respostas que nos é
dado formular.
Mas, em simultâneo, é fascinante e importante a mais dum título que tanto
quanto o possamos fazer nos debrucemos sobre o suporte em si, seja no caso da poesia ou da pintura, da música ou
da filosofia, serve dizer: nos ramos das actividades
superiores que, por o serem, não estão dependentes de eventuais manobras
ilegítimas de tiranos ou de equívocos mandantes, ainda que a matéria em que se revelem esteja por
vezes submetida a ditames exteriores à vontade de quem as utiliza. Porque, nas
suas vias interiores, os poetas não têm dono, não são assimiláveis pelos que,
frequentemente, tentam à custa deles estabelecer currículos, efectuar
brilharetes duvidosos, bolsar jaculatórias de nulo poder encantatório. Não
falando, é claro, no caso extremo de quem subtrai à visão e fruição de outrem
as produções com que os autores buscam interpelar o seu tempo e o tempo a vir.
Já vários ensaístas e poetas têm analisado proficientemente a questão dos
vestígios. Deixa-se adivinhar a seguinte
pergunta: o rigor interior duma obra pode
ser divisado, digamos, no rigor do suporte? É inevitável lembrarmo-nos de
Balzac e das sucessivas emendas a que submetia os seus escritos, cujos
gatafunhos desesperavam os tipógrafos, ou das partituras de Schubert
frequentemente lançadas num qualquer papelucho que lhe caía nas mãos, ou até
sobre o tampo de mesas até que um fortuito papel salvador lhe chegasse…
Como se estrutura pois a matéria
criada, de que maneira peculiar voga e navega o processo criador - tal pode
entrever-se pela observação desses vestígios que os diversos autores nos legam
ou simplesmente vão deixando na sua viagem pelo tempo que lhes coube viver. No
caso que a seguir abordaremos isso naturalmente acontece.
Cedidas em fotocópia pelo Dr. Manuel Inácio Pestana - a quem fora
oferecida reprodução das mesmas pelo coleccionador António Capucho - temos na
nossa frente as duas versões prévias (deverá chamar-se-lhes rascunhos?) do
conhecido texto regiano que fez e muito bem momentos inesquecíveis de muitos
leitores tanto lusitanos como brasileiros. Dediquemos-lhes atenção, visando
deixar algumas pistas consistentes.
A primeira versão, exarada na bela e clara letra de Régio, tem emendas em
todas as páginas, sendo de assinalar que a “emenda” da décima é um acrescento
no verso da mesma; acrescento significativo, uma vez que é a famosa reflexão
que começa: “O amor, a amizade e quantos/
Mais sonhos de ouro eu sonhara,(…)” aliás também emendada na oitava linha.
As páginas 2, 5, 7 e 10 são ilustradas por desenhos como que ao correr da pena.
Contudo, apesar de o serem, diria que nos mostram a preocupação plástica
do poeta duma forma incisiva: o desenho da página 10, por exemplo,
patenteia-nos um rosto arrepanhado, dorido, inclinado sobre a esquerda (tradicionalmente
o lado do coração), um rosto que o poeta frequentemente plasmou em desenhos
diversos. Na segunda versão, apenas uma palavra foi substituída na primeira
linha da oitava página - retomando aliás a palavra escrita na primeira versão: desgraçados em vez de enforcados, que para Régio decerto
marcava em demasia a sequência da estrutura do poema. De assinalar, ainda, que
nenhuma destas versões manuscritas contém a palavra atónito, que se lê na versão publicada em livro (“Deixado só, nulo,
atónito…); nelas, a que consta é a palavra vácuo.
“Esta é a minha mão das palavras”, diz num seu poema Carlos Edmundo de
Ory (em excelente tradução de Herberto Hélder). A mão interior dos poetas
procura na escuridão e no silencio “le
mot juste” para tentar redefinir o mundo, para adequar o seu percurso
próprio a uma rota de liberdade, de felicidade e de sabedoria.
É essa a única aposta que vale a pena como referia Mathew Mead, a única tarefa que ao poeta eventualmente caberá
e que num universo de inquietações várias faz de facto sentido. O resto, coisas
um tanto espúrias que a vida civil pela mão de alguns tenta colar ao perfil dos
criadores, é apenas acrescento frequentemente inútil ou dispensável.
Régio, como grande escritor que era, sabia-o na perfeição.
EM 25 DE ABRIL
CONVIRÁ LEMBRAR
Wokismo:
a doença mental que destrói o Ocidente
No meio desta loucura medonha, há piadas que já não se
podem contar. Há roupas que já não se podem vestir. Há livros que já não se
podem ler. Há palavras que já não se podem usar.
(Dos jornais)
O Wokismo é como uma praga que destrói tudo
por onde passa. É preciso colocar barreiras ao seu avanço.
Carminda
Damião
O wokismo é a
revolução perpétua defendida por alguns teóricos críticos para quem de critica
em critica se arranca a erva daninha que automaticamente mostra o Jardim. Nada
têm para oferecer para além disso. Não têm ideias, não têm planos, apenas
critica constante em nome dos historicamente oprimidos. Tudo é racismo, tudo é
homofobia, tudo é sexismo, tudo é culpa de alguma estrutura e todas elas foram
construídas pelo Ocidente.
Ark Nabul
O wokismo inscreve-se num vasto arsenal
ideológico designado por socialismo com que a China vai “dissolvendo” o
Ocidente para o conquistar económica, política e militarmente.
Paulo
Morisson
Confesso que esta moda no meio que frequento
provoca o efeito contrário; cada vez mais fazemos questão de dizer e usar as
palavras que nos apetecem. Deve ser da idade mas estamo-nos a borrifar. Gordo,
feio, medonho, preto, chinoca, mulher, homem, maricas ou mariquinhas(com o
signo da minha infância que era medroso), idiota, tacanho, piroso, etc. Quanto
à história pátria não estamos também em idade de reaprender. Por tanto, fica
como está. As coleções de livros (Christie, Blyton, etc) está aqui guardada
para os netos. E, tendo educado os meus filhos com um grande apreço pela
liberdade, bom senso e conhecimento, espero que façam o mesmo aos filhos deles.
Porque não somos carneiros nem andamos em rebanho. E porque a doença só se
apanha se nos pusermos a jeito. Quando votarem, votem em consciência. E
escolham quem os represente. Simples, simples.
Maria Clotilde Osório
FOTO DE ABRIL
O pai chegava
tarde…A mãe e os avós
(que o mano era
pequeno) estavam sempre comigo.
Então o pai
chegava, perguntava da escola
perguntava das
coisas que a mãe lhe sussurrava.
A escola era a
Escola onde eu agora andava.
E a mãe pela
manhã falava devagar
arranjava-me o
lanche, chamava-lhe merenda
e eu ia no
autocarro (sem o mano que tinha)
Eu não sabia de
anos só sabia de meses
- o que a mãe me
ensinara e que na escola aprendia –
(o mano era
pequeno!) eu jogava sozinho.
O pai que vinha
tarde não jogava comigo.
E o pai que
vinha tarde mesmo se era Domingo
chegou perto da
porta na manhã daquele dia.
Havia gente na
rua e gente que gritava
E na
televisão muitos desconhecidos.
E o pai depois
daquilo disse-me: anda jogar
Anda jogar meu
filho pois já não há fascismo.
E o pai que
vinha tarde jogou comigo à bola
na rua da
Amoreira a rua pequenina
E a mãe chorou
ao ver-nos e eu não a entendia
a mãe que era só
minha (e do mano que havia)
Eu sabia de
meses mas não sabia de anos
E jogava com o
pai pois já não há fascismo
A avó não
gritava Levava-me p’la mão
até ao
autocarro E para a Escolas eu ia
Sozinho ia p’rá
Escola (o mano era pequeno…)
- E eu e o pai
jogávamos quando eu de lá vinha
Jogávamos
jogávamos – eu e o pai jogávamos
E o mano (era
pequeno!) olhava sentadinho
E a mãe também
por vezes nos olhava a jogar
Pois já não há
fascismo Pois já não há fascismo!
in “Os versos do Zé Povão”
Lembrar o 25 de Abril legítimo e democrático
é também recordar e celebrar o 25 de Novembro. Sem ele teríamos mergulhado no
sinistro regime que os totalitários daquela altura – e de agora – queriam
instaurar com cínicas justificações, que não resistem a uma análise séria e
fundamentada.
Ontem, tal como hoje, a realidade tem
desmascarado a formação e formações anti-democráticas com que nos queriam e querem
roubar o futuro, utilizando uma verborreia propagandística no intuito de nos levarem à certa. Tal como o fizeram nos países onde assentaram pé e nos quais
tripudiaram levianamente sobre os respectivos povos que fingem proteger, mas
que em essência sempre tutelam com a repressão.
Saibamos ser firmes e lúcidos (como o foram Salgueiro Maia ou Jaime Neves) para que a democracia – ainda que imperfeita ou
maculada por inanidades de gente que lhes é próxima – permaneça viva e
persistente.
Devemos isso aos nossos descendentes e a
todos os concidadãos que partilham connosco esta casa comum!
nicolau
saião
Joaquim
Simões
ns
Não me “debruço”, com um sim ou com um não,
sobre as marotices, parece que platónicas porque mais não conseguia, do emérito
Boaventura Sousa Santos. Isso ficará, se houver coragem ou razão, para as
entidades jurídicas ou outras, apropriadas. Apenas quero referir que no
capítulo estudos sociais e pseudo científicos já há razoável período de tempo
este cavalheiro foi desmascarado, de forma arrasadora e definitiva, pelo
Professor António Manuel Baptista, esse sim um verdadeiro cientista, que nos
seus livros “O discurso pós-moderno contra a Ciência” e “Crítica da razão
ausente” efectuou competentemente um escalpar memorável do personagem que, o
que não espanta, com habilidades maneirinhas sempre se esquivou a um
frente-a-frente directo com aquele mestre da Física e justo crítico dos seus
desarrincanços.
BS
Santos, nessa circunstância, teve o apoio – e o contrário é que seria de
espantar – do colectivo ultra-esquerdista ou boa-boca de cavalheiros da corda,
entre os quais se destacava o célebre Eduardo Prado Coelho, o mesmo que José
Martins Garcia desmascarou sem hesitações durante o famoso caso do jornal
República.
Não é pois de estranhar que, encabuladas/os
agora ante o vendaval de acontecimentos grotescos bem típicos desta “sociedade
criminal”, certos boys and girls esganiçados ou com fala de galo-capão se
calem prudentemente ou, com alguma discrição, venham tentar justificar o velho
guru das esquerdas totalitárias e autor de versos medíocres ou decididamente
míseros para quem tenha um mínimo de sentido crítico ou de decência
intelectual.
Digamo-lo sem subterfúgios: não é BSS quem
sai mais mal-ferido desta torpe arlequinada. São, sim, os que durante anos e
anos babujaram esta figura e lhe sublinharam a “filosofia”, o “cientismo”, ou mesmo
lhe transcreveram com unção de “velhas beatas” os textos ideológicos
propagandísticos em que se transbordava e repoltreava visando instaurar um
mundo em que Estaline e demais canalhas políticos se reconheceriam.
O caso em que BSS está metido vem, à
puridade, desvelar perfeitamente uma prática que tem tentado colocar a canga
esquerdóide a todos nós, sejamos de esquerda, de centro ou de direita mas com
honradez e bom-senso e, o que é mais grave e significativo do mau trabalho dos
“governantes” que lhe davam e ainda dão cavalaria, usando de forma (in)conveniente
o dinheirinho de todos nós!
nicolau
saião
Jorge
Gaillard Nogueira
Álvaro
de Navarro
Manuel
Carreira Viana
Joaquim
Simões
Estaline: um "intelectual" manchado
de sangue
"A Biblioteca de Estaline" é um livro que
mostra outro Estaline que não o indivíduo grosseiro e medíocre, mas que está
longe de ser convincente na sua tentativa de o apresentar como sendo
intelectual.
Quando o assunto é Josef Estaline, “tirano sanguinário, um
político-máquina, uma personalidade paranoica, um burocrata sem piedade e um
fanático ideológico” são epítetos que nos ocorrem — e que abrem o livro do
historiador Geoffrey Roberts.
(Dos
jornais)
Pelos vistos
está em curso a reabilitação de Estaline, o mais criminoso dos déspotas
comunistas, responsável pela aniquilação de dezenas de milhões de cidadãos
comuns que no socialismo usou as gentes como recurso consumível. Esta
reabilitação sempre assumida pelo PCP e continuadamente aceite pelo Centro
esquerda português, terá agora como pano de fundo a presença do Lula na AR, no
dia 25 de Abril na AR, o corrupto e marxista presidente brasileiro que agora
está na China, a tentar forçar os países ocidentais livres e democráticos a não
mais ajudarem a Ucrânia a defender-se da vil invasão russa. Contra esta
escabrosa presença do criminoso Lula - patrocinada pelo Marcelo Rebelo de Sousa
- só resta agora confrontar todos os mais altos dignatários da ação política
que de uma forma ou de outra aceitem a indignidade de se receber com honrarias
o criminoso amigo do invasor Putin.
Jorge
Barbosa
NEVOEIRO, NEVOEIRO,
NEVOEIRO SOBRE O CANAL
Canal de Nieuport, 7 de Janeiro de 2017
Nevoeiro, nevoeiro, nevoeiro sobre o canal.
Tudo se dissolve nesta tarde de Outono,
Tudo se dissolve nesta luz cinzenta
As correntes, o céu, o sol e a terra.
Tudo parece fugir para longe - e o horizonte,
Último reflexo do sonho nessa bruma,
Parte para longe logo que a noite se ilumina,
E tudo desaparece nessas estações mortas.
Nevoeiro, nevoeiro, cidadela das sombras,
O teu surdo véu extingue tudo o que é vivo;
Tudo morre em ti, tudo morre até à noite
- E o horizonte, e os astros sem número.
TIRÉSIAS
Ele via na noite, ele via através dos sonhos,
Ele via no eco duma sombra que foge,
Mesmo através dos céus por onde o nevoeiro se estende
- E até quando tudo se afogava no fluxo do esquecimento.
O mundo era para ele um vento, um sopro, uma onda
Onde tudo se confundia e vibrava; um éter
Percorrendo sem cessar a sua alma vagabunda,
Rainha de todos os tempos e todos os universos.
Tudo lhe falava: o voo duma ave, o fumo
Que subia, serpenteando entre as nuvens…
E ele fixava a vida, a luz, e a maneira
Dos seus grandes olhos espantados devorando-lhe o rosto,
Os seus olhos que percebiam os tempos e os espaços,
Os seus olhos, apagados, como sóis que tivessem morrido.
Tradução de Cristino Cortes
ns
A Rosa de Todo o Ano
Não se chamava Rosa, ‘tá de ver, mas
eu chamava-lhe assim. Criada de todo o serviço duma família de teres, ia à
praça, varria as escadas do prédio de seus patrões, lavava janelas e batia
tapetes, lá para dentro certamente se dava a misteriosas tarefas de cosimentos
e cozinhados, habituada a alombar, percebia-se, com tudo o que requisitasse
suor. Quando eu morava na parte velha da cidade, nos meus tempos de gaiato,
encontrava-a frequentemente numa loja de tecidos a mercar carrinhos de linha e
a buscar a caixa das amostras de botões, aparelho misterioso e encantado com
encaixes sobrepostos como jardins suspensos que também eu transportava para
minha tia, que cosia para fora como franco-atiradora de linhas e agulhas.
Sempre jovial, dava-se bem com vizinhos e lojistas. Quarentona, ainda
denotava que fora linda cachopa. Mas, retirada das lides do coração, ficava-se
perceptivelmente pela existência de mourejadoura a todo o pano. Constava que
tinha um filho lá para os longes de uma mirífica Lisboa, marçano ou manga-de-alpaca
de pequeno porte em lugares mais ou menos lendários. Portalegre naquela altura
ficava longíssimo da capital, daí o desapego aparente. Um dia, ia eu nos meus
catorzes/quinzes, perguntou-me onde comprara uma capelinha de macela que por
esses dias de S.João eu levava nas mãos (todos os anos as compro, rendido às
flores secas da tradição).”Foi ali na do
senhor Xis, senhora Rosa…”, disse-lhe eu deixando escapar a boca para a
crisma que lhe dera. “Eu não me chamo
Rosa, menino! Sou …” e lá me disse o nome que agora omito a vosselências. E
daí em diante, sempre que nos cruzávamos, cumprimentávamo-nos como velhos
conhecidos. Sabia lá ela quanto eu apreciava a sua lhaneza natural, a sua
inocente bondade de burrinha de trabalho e que eu somente deixava transparecer
na minha saudação respeitosa!
Como outros de outros mesteres, perdi-lhe depois o rasto, ao mudar de
casa para lugares mais centrais. Ainda estará viva? Se assim for deve decerto
trabalhar para os netos, nessas paragens lisboetas onde talvez se tenha juntado
ao filho por reforma bem suada. Deverá, concerteza, continuar anciã de boa
catadura: os pequenos lojistas e os vizinhos devem apreciá-la, num
relacionamento fácil e contente com este saintéxupery feminino e anónimo
cruzando a terra dos homens do quotidiano esvoaçante.
Devido a um problema informático de última hora, não nos será possível fazer a postagem desta semana. Esperando resolvê-lo em breve,...