quinta-feira, 29 de julho de 2021

Para um minuto de meditação - 114

 

 "Ricardo Salgado ainda se sente o dono disto tudo"




Ricardo Salgado "não se enxerga": está na Sardenha depois de ter dado desculpas para não ir ao tribunal.

(Dos jornais)


    Pode já não ser o dono disto tudo, mas ainda é o dono…de muitas consciências dos actuais manda-chuvas. E ai se ele se chateia e põe a boca no trombone. Com o muito que sabe dos podres da elite, devia ser uma hecatombe. Por isso deixem o homem em paz a gozar o estatuto e as férias, carago. A gerência agradece!

Matias Lopes


    Gente fina é outra coisa. Este não tem um amigo como o outro para lhe pagar as contas, mas tem o genro o que ainda é melhor. Linda coisa é o carinho familiar, eu dá-me ternura ver estas pessoas assim tão bem formadas. E com muita caridade cristã para com o grande Salgado que até tem capela particular.

Manuel Massano


Três poemas de Rui Magalhães

 


ns



Bem cedo pela manhã

partiu à procura da obra

acreditando que àquela hora da manhã

ela lhe escutaria os passos

e lhe diria pelo menos o nome.

Era o seu último movimento

a última inocência antes do apagar de todas as estrelas

que ao longo das eras o haviam iluminado.

Não se interrogou acerca da natureza do que buscava.

Confiava no tempo que tinha sido preciso

para lhe avistar a sombra.

Confiar era a sua forma de ser íntegro

de purificar as memórias de todos aqueles anos

antes de o rio escolher aquele caminho

e de uma ave sem nome entoar para ele uma absorvente litania.

O dia chegou igual a todos os outros

antes de todos os outros

antes mesmo de ele se aperceber do apagamento do tempo.

Bem cedo pela manhã confiou-se aos segredos

da mais pura inocência.


                                 *


Ele não sabe que só muito para além do fim

as flores se tornam verdadeiramente belas

como jovens que nunca serão adultas.

Para além do fim

a única ciência

é a da absoluta ausência de promessa.

Assim se dedica à colheita do fruto

metodicamente

e com orgulho

apesar de o peso ser

às vezes

excessivo.


                                  *

 

Pressentir é algo que exige tempo

mas ele só conhece o tempo definido pela sua própria sombra.

Quando a olha vê só o que já foi

num rasto às vezes amável

outras vezes doloroso.

Mas o que sente é sempre o mesmo

dividido multiplicado

expresso em formas incalculáveis

em desejos que não chegaram a ser.

Pressentir exige tempo

exactamente como o não sentir.

 

in “O viajante exposto à verdade das coisas”




Nicolau Saião, É assim que se faz a estória...

 

NS, CARTA A LUÍS AMARO (Aljustrel, 05 Maio de 1923 - Lisboa, 24 Agosto de 2018)



Luís Amaro por Luís Manuel Gaspar


Portalegre, 4 de Junho de 2002

 

   Prezado Amigo

 

   Chegado de Arronches ontem à noite, depois de acompanhar cuidadosamente durante uma semana a varicela da minha neta – (eu tenho um trabalho de menos responsabilidade... ao contrário da Flora, que não pode faltar à Secção de Obras CMP que dirige; então fui mobilizado...) – tive o gosto de encontrar a sua carta, entre diversas outras de amigos diversos.

  Fico satisfeito por ter gostado do meu trabalhote sobre o nosso homem*, a quem em breve dedicarei outro, referente a um facto nuclear da sua vida (de todas as suas vidas, de todas as suas mortes quiçá): o falecimento da filha, cujo olhar por entre as pálpebras ligeiramente entreabertas como ele referiu preto no branco, no comovente “Obsessão”, era a única “coisa” que nunca esquecia/esqueceria, seu único autentico acalento, esquecido tudo já – glórias, escaramuças, livralhada, poemaria... Espero devolver nesse texto, ao Poeta, a dor intensíssima a que ele tem direito e que, de alguma forma, lhe tem sido sonegada por ínclitas gentes que me parece não terem percebido (ou, por desvairadas razões, fingirem que “não há, não passou por aqui” parafraseando o Cesariny) que um poeta (e esse poeta) é simultaneamente algo muito abaixo e muito acima do seu entendimento por vezes todo feito de pequenos disfarces...de pequenos preconceitos místico-burgueses...de pequenas manhas literatas...

    Provavelmente o texto, que como é óbvio será vazado em linguagem educada, pois eu creio que sou um cavalheiro, fará todavia um pouco de sangue – em alguns que têm a todo o custo tentado “depenar” Régio para o “afeiçoarem” e exercerem seus pequenos mesteres mais a contento.

   Agradeço-lhe as palavras de apreço que me dirigiu na carta. E diga-me: tem, de minha autoria, o texto que li em Paris aquando do lançamento, lá, do “Flauta de Pan”? E um texto sobre a incapacidade e corrupção jurídica à luz da literatura policiária, também lido naquela querida cidade por ocasião dos Encontros sobre LP? E o que fiz sobre o Cézanne, em palestra na galeria Mailart em Roma, aí há uns dez anos? E outro sobre os índios americanos referente a palestra na Escola Superior de Educação (e que é o edifício onde tantas vezes eu vi o nosso homem entrar ou dele sair, em busca do almoço...da bica no Facha...da tertúlia no Alentejano...). Se tiver gosto em os ler – são mais ou menos do tamanho do outro - terei gosto em lhos enviar, pois ser-se lido por si é sempre um privilégio.

 

  Creio que li algures, num catálogo ou em revista que neste momento não consigo situar, referência aos estudos - a que alude - de Eugénio Lisboa. Poderia arranjar-me cópia, se não é coisa volumosa, ou indicar-me em que livro constam? Valter Hugo Mãe tem-me oferecido livros de vários autores das suas relações editoriais e daquela área nortenha mas, ou por esquecimento ou por não os ter, nunca me deu nada de E.L.(e por qualquer razão fortuita nunca os comprei). É uma falha da minha parte, mas faço-me perdoar dizendo já que durante algum tempo tentei adquirir um livro de ensaios que parece que deu polémica, e tem basto interesse, sem que o tenha podido fazer, pois por aqui não havia e eu ainda não dispunha do meu filho António (que agora está em Lisboa, na Torre do Tombo, não sei se já lhe havia dito) como meu “agente em Havana”...

 

   No que respeita a Duarte Faria, autor por quem tenho a maior consideração depois de ter lido o belo texto que dedicou ao fantástico em Régio: soube, um dia, que se tinha suicidado. Vi-o uma única vez, ia eu a subir as Escadinhas do Duque com o José do Carmo Francisco, que me indicou de raspão quem era aquele transeunte. Quando soube que ele tinha posto termo à vida, creio que alguns tempos depois disso ter sucedido, fiquei surpreendido e ainda hoje sinto uma sensação de estranheza que me dói. Porquê, se eu nem sequer sabia nada do homem, se nunca sequer lhe falei? Não sei. Mas muitas vezes penso nele, sentindo confusamente que um drama duro por ali andou (ou será a minha imaginação a suscitar-me?). Por isso, fico bem contente por o Luís Amaro ir arranjar um texto sobre ele!

  O ser ele sempre ocultado, como diz, é “natural”: o livro dele é de grande qualidade – o que não quadra na pança de certa gente, que dona de Régio se sente (olha, rimei!), só ela podendo “comer do bom e beber do fino”, para usar uma expressão pitoresca. Duarte Faria? O gajo até já morreu...

    Sim, sim: fico bem contente por ir dar-nos coisas sobre o excelente Duarte Faria!  E aguardo com impaciência o texto in Brotéria do Prof. Mário Garcia (que desconheço, hélas!).

   Claro que o texto do injustiçado Dantas é muito interessante! E o do Augusto de Castro está na calha, para sair a seu tempo. O do Dantas saiu primeiro porque sendo tão interessante e sugestivo caía como sopa no mel**.

 

  Os Encontros de Alpedrinha não foram sobre o Régio. Trata-se de um evento anual em que o Luís Maçarico e a Liga dos Amigos de Alpedrinha, de que este é membro, convidam autores para estarem presentes a falar de poesia. E, também, a dizerem poemas. Como o Luís Maçarico me falara numa intervenção escrita, eu, pensando que se apresentava uma comunicação ou algo pelo estilo, levei o texto que conhece. Quando chegou a minha vez de “actuar”, tendo já avaliado a assistência que enchia a nave da igreja do Convento do Senhor Jesus, fiz uma espécie de rapsódia sobre poesia, o Régio, poemas deste, daquele, meus, etc. e, no fim, tendo feito um ligeiro vôo sobre o tema, disse-lhes que exemplares do texto ficavam à disposição de quem quisesse, pois na Associação tiravam/tinham fotocópias para eles poderem aprofundar o assunto. Disseram-me depois que tinham tido quarenta e oito interessados. Parece que os alpedrinhenses gostaram cá do meco...

   No que respeita à “Cidade”, o Ventura (António) disse-me que andavam a ter poucos exemplares, por isso é que não me dava mais no momento, para eu dar aos colaboradores de minha parte. Será talvez essa a razão porque ainda não lhe deu uma a si.

   Onde está dado a lume o texto do Vergílio Ferreira? Está em livro acessível a requisitar na biblioteca municipal de aqui? Ou, se não, poderá dar-me fotocópia (se é texto de tamanho razoável)? Em suma, gostava de o ler.

  Por último, em relação ao seu post-scriptum: desgraçado país, diz bem.  Infelizmente diz bem. Eu, no tal texto lido em Paris, referente à LP, escalpelizo os porquês. Se estiver interessado nesse e nos outros textos (creio que não lhos mandei nunca), diga-me.

   E por ora é só. Fico-me por aqui. Receba um abraço amigo e os votos de boa saúde, extensivos a sua esposa.      

   O seu, de sempre, Francisco/ns

 

________________________

 

*José Régio

**Alude-se a publicação no suplemento FANAL - que nessa época saía no semanário “Distrito de Portalegre” - co-orientado por ns.


Daniel Deuschle, Wild is life

 



segunda-feira, 26 de julho de 2021

Para um minuto de meditação - 113

 

Milfontes:

O vandalismo e os ataques de vigilantes

 

Moradores acusam “crianças mimadas” de Lisboa de vandalismo sem precedentes, jovens denunciam ataques de vigilantes locais. Nunca Vila Nova de Milfontes viveu momentos de caos como o destes dias.

(Dos jornais)


   A geração mais bem preparada de sempre: mal-educados, ignorantes, delinquentes. O resultado de 2 décadas de políticas de facilitismo e desautorização dos professores, em quem boa parte dos pais delegou parte da responsabilidade que lhes cabia, de educar.   

   Soubessem esses miúdos o que é respeito, nem sequer lhes passariam pela cabeça tais comportamentos.

El Jota


   Estes jovens frequentam os mais finos colégios privados de Lisboa e arredores, onde a sua mensalidade é mais cara que o salário de um varredor de rua. 

Miguel Eanes


Dois poemas de José do Carmo Francisco

 


Eileen Agar



Via verde na estrada de Benfica

 

Quem sai do hospital só pensa na morte

E depois da filha em férias, nas viagens

As dores abdominais o rosto da má sorte

De não poder sorrir com ela nas portagens.

 

A produção de saquetas foi descontinuada

O medicamento era assim como a Cecrisina

Este é hoje como um copo de água salgada

De doze em doze horas o tempo da rotina.

 

Quem sai do hospital só pensa na morte

Não lhe convinha morrer se fosse agora

Hoje a filha em férias segue para o Norte

Com a via verde não vai parar a toda a hora.

 

Vejo uma carroça num pátio de moradia

Parece ficou esquecida pela marcha popular

Há setenta anos os burros desta freguesia

Levavam na marcha gente a sorrir e a cantar

 


As mãos de meu avô José Almeida

 

Caiu o telhado. Não sei se imaginas

Como tudo agora é sombrio e triste

A casa onde vivemos está em ruínas

O quarto onde se nascia já não existe

 

As pedras e os barrotes são só entulho

Ficou tudo acumulado no rés-do-chão

Há um silêncio onde antes era barulho

Que era um sinal de vida em profusão

 

Fosse na casa, no quintal, no palheiro

Onde também se fazia o nosso lagar

As tuas mãos à luz do velho candeeiro

Trabalhavam na noite fora sem parar

 

E aos domingos a trompete tão diferente

Faiscava entre a luz do sol na procissão

As tuas mãos, o chumbo e a água quente

Faziam na trompete um som de perfeição

 

in “Poemas Periféricos”


José do Carmo Francisco, Crónicas do Tejo

 




Nuno Costa Santos - do cânone ao poema exemplar


Ainda a propósito do cânone da Literatura Portuguesa dos séculos XX e XXI, também já fui questionado sobre o «meu» cânone em particular. Não admira esta pergunta pois escrevo sobre livros e autores em jornais e revistas desde 1978, além de ter feito parte de Júris de Prémios Literários variados tanto da Associação Portuguesa de Escritores como de diversas Câmaras Municipais. O «meu» cânone é múltiplo e envolve não apenas poesia e ficção, antes se expande pelo teatro, pelo ensaio, pelo jornalismo e até pela fotografia que é uma maneira de «escrever» mesmo sem usar a gramática da escrita. Este poema de oito versos de Nuno Costa Santos diz tudo sobre o tempo português na passagem da Guerra Colonial (1961-1974) e o consumo generalizado da «droga» em todos os cantos e recantos de Portugal Continental e Insular. Sem mais comentários, vejamos o poema tal como surge no livro «Morrer é não ter nada nas mãos» - edição da Companhia das Ilhas: «A Guerra Colonial da minha geração foi a droga. / A droga que derrotou vocações, /sepultou famílias, /dizimou em nome de um inimigo:/ o medo de se bastar com os dias./ A Guerra Colonial da minha geração /não teve heróis mas sim uma heroína. /Foram raros os que regressaram dessa guerra.» Este poema faz parte do meu Cânone pois se trata de um poema perfeito de conhecimento e de síntese pois diz tudo sobre o impacto da droga e das drogas nos jovens que nasceram depois de Guerra Colonial como é o caso de Nuno Costa Santos, nascido em 1974. Para concluir: o meu cânone pessoal pode incluir textos de Manuel de Fonseca, Carlos de Oliveira, Ruy Belo, Fernando Pessoa, Raul Brandão, Ruben A., Bernardo Santareno, Romeu Correia ou Fernando Assis Pacheco mas não posso dispensar o Nuno Costa Santos. Por tudo o mais e por este poema cujo título é «Guerra Colonial».


Giovanni Marradi, Only you

 



quinta-feira, 22 de julho de 2021

Para um minuto de meditação - 112

 

Suspeito de atear grandes fogos na região Centro

fica em prisão preventiva


O arguido é suspeito de ter sido o autor de incêndios de grandes dimensões, como o fogo que atingiu Mação, em 2017, e que consumiu 33 mil hectares, ou os incêndios em 2020 em Oleiros e Proença-a-Nova.

   O homem de 38 anos que tinha sido detido na segunda-feira pela Polícia Judiciária (PJ) por suspeita de atear pelo menos 16 incêndios, no distrito de Castelo Branco, ficou em prisão preventiva, disse esta quarta-feira a Diretoria do Centro da PJ.

   O Tribunal de Castelo Branco determinou na terça-feira prisão preventiva como medida de coação para o engenheiro eletrotécnico a morar na Sertã suspeito de ser o autor de vários fogos desde 2017, disse esta quarta-feira à agência Lusa fonte da Diretoria do Centro da PJ. O arguido é suspeito de ter sido o autor de vários incêndios de grandes dimensões, como o fogo que atingiu Mação, em 2017, e que consumiu 33 mil hectares, ou os incêndios em 2020 em Oleiros e Proença-a-Nova, que resultaram, respetivamente, em 5.000 e 14.000 hectares de área ardida.

   A investigação começou em 2018 e culminou com a detenção do engenheiro suspeito de ter ateado quatro incêndios florestais nos concelhos de Sertã e Proença-a-Nova, no distrito de Coimbra, que deflagraram no domingo, com recurso a engenhos eletrónicos alegadamente elaborados pelo suspeito.

(Dos jornais)


   Um sujeitinho muito prendado. Tem conhecimentos de como fazer, hábil em tecnologia, espertalhão. Quando sair da grelha, se acaso for condenado, depressa arranjará emprego em qualquer firma que respeite a competência…

Manecas Zeferino


   A defesa vai decerto “provar” que é um tipo com problemas mentais ocasionais, coitadinho, credor de piedade dos cidadãos. E como é engenheiro, pessoa bem integrada na sociedade. Resultado, vai-se safar, calculo, no máximo com uns mesitos de pena suspensa principalmente se for “progressista”.

Artur Calheiros


   Em Portugal os incendiários causam enormes prejuízos ao país, no entanto são tratados no judicial como criminosos menores. Assim se vê o tipo de democracia que temos, que não é nem democracia nem uma sociedade justa e sim um sítio mal frequentado e mal governado onde os malandros espertos se safam e as pessoas decentes mas sem poder se amolam.

Rita Penalva


Um poema de Vicente Aleixandre

 




VIVER PARA TI

 

                            É tocar o céu, pôr o dedo

                            sobre um corpo humano.

                                                                 (Novalis)

                                                                       

Quando contemplo o teu corpo estendido

como um rio que não acaba nunca de passar,

como um claro espelho onde cantam as aves,

onde é uma alegria sentir como o dia amanhece.

 

Quando eu olho os teus olhos, morte profunda ou vida

que me chama,

música de fundo que eu apenas suspeito;

quando vejo as tuas formas, a tua testa serena,

pedra luzente na qual brilham os meus beijos,

como aquelas rochas que refletem um sol que jamais se põe.

 

Quando acerco os meus lábios àquela música incerta,

a esse murmúrio sempre jovem

do ardor da terra que entre o verde canta,

húmido corpo sempre resvalando

como um amor feliz que foge e volta ...

 

Eu sinto o mundo rolar sob os meus pés

rolar com ligeireza com a eterna capacidade de estrela,

com essa alegre generosidade de luzeiro

que nem sequer precisa de um mar para curvar-se.

 

Tudo é surpresa. O mundo tremeluzindo

sente que o mar de súbito está desnudo, trémulo,

que é esse peito arrebatado e ávido

que apenas quer o brilho da luz do desejo.

 

A criação cintila. A serena ventura

passa como um prazer que nunca chega ao fim

como essa rápida ascensão do amor

onde o vento se aferra a frontes as mais cegas.

 

Olhar para o teu corpo sem mais luz do que a tua,

essa música próxima que os pássaros congrega,

as águas, a floresta, esse palpitar ligado

deste mundo absoluto que sinto agora nos lábios.

 

(Sevilha26 de abril de 1898 - Madrid13 de dezembro de 1984)

Prémio Nobel 1977


(Tradução de nicolau saião)


Gaspar Garção, A aventura do cinema português

 


ns


     “Fazer cinema, viver do cinema, participar em qualquer actividade cinematográfica é, em Portugal, uma aventura. Temos filmes mas não temos cinema, trabalha-se mas não há profissão, circula dinheiro mas não existe indústria organizada”. Este retrato lúcido do cinema português foi feito Luís de Pina, antigo diretor da Cinemateca Portuguesa (de 1982 a 1991), em finais dos anos 70 do século passado.

 Luís Vintém, doutorando em Cinema - Comunicação e Documentação, na Universidade da Extremadura, em Badajoz, considera que “não pode haver público na cultura sem um investimento generalizado simultaneamente na educação dos cidadãos e na produção cultural. Existe também em Portugal o preconceito generalizado, e erróneo, de que a cultura vive de subsídios, enquanto outras áreas da economia são auto-suficientes”, uma opinião que poderá explicar muitos dos problemas crónicos e (ainda muito) atuais do cinema em Portugal.

Desde o dia 12 de novembro de 1896 e a primeira projeção de um filme realizado por um português, no Príncipe Real do Porto, intitulado “Saída do pessoal operário da Fábrica Confiança”, da autoria de Aurélio Paz dos Reis, fotógrafo amador e comerciante de flores e sementes, que a aventura “atribulada” do cinema português tem fascinado o público, cinema nacional que teve a sua primeira época de grande popularidade nas décadas de 30 e 40 do século XX.

A “Comédia à Portuguesa”

O fenómeno sociológico do cinema clássico português, representado em obras tão icónicas como “A Canção de Lisboa” (1933, Cottinelli Telmo), “O Pai Tirano” (1941, António Lopes-Ribeiro), “O Pátio das Cantigas” (1942, Francisco Ribeiro), “O Leão da Estrela” (1947, Arthur Duarte), e em atores tão carismáticos como Vasco Santana, Ribeirinho e António Silva, transcende épocas, gerações e até sistemas políticos, sendo ainda um fenómeno de popularidade surpreendente, como o comprovam as várias edições em DVD e as sempre constantes reposições na televisão, em épocas festivas.

Paulo Cunha, doutorando em Estudos Contemporâneos, com um projeto de investigação sobre o Novo Cinema Português, na Universidade de Coimbra, considera que “obviamente, o cinema, sobretudo pela sua capacidade de comunicação de massas, foi um instrumento privilegiado para divulgar e reproduzir a mensagem ideológica do regime”.

Em filmes que foram considerados pela maioria dos críticos como “comprometidos” com o regime da época, como se compreende esta longevidade? Será que entre a “submissão” à trindade Deus, Pátria, Autoridade, se escondia a (possível) irreverência e contestação? Ou será que o público contemporâneo lê nestes filmes mais do que lá está, inconscientemente “refletindo” os problemas das épocas em que se assistem às impagáveis “comédias à portuguesa”?

Luís Vintém, licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa e professor de Comunicação Audiovisual e Fotografia, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, em Portalegre, distingue dois momentos no corpus das obras feitas durante o período do Estado Novo: o primeiro momento é o em que a ideologia do regime influencia o conteúdo das narrativas cinematográficas, e onde “transparece o optimismo da segurança, da ordem e do progresso material, a mitologia da identidade portuguesa, o mito da genuinidade do camponês, a paz entre as classes e a ideia da mobilidade social”, destacando como exemplos os já referidos “O Leão da Estrela”, “O Pátio das Cantigas” e ainda a “Aldeia da Roupa Branca” (1938, Chianca de Garcia).

Paulo Cunha, também membro da direção do Cineclube de Guimarães (o maior do país), e um dos maiores especialistas sobre o cinema português, corrobora a tese de Luís Vintém, declarando que “as comédias à portuguesa não deixavam de transmitir um ideário político e social que, mais do que fascista ou estadonovista, era dominante na época. O respeito pela autoridade e hierarquia (familiar, laboral ou social), o ideal rural, a moral cristã, entre outros, são valores que estão presentes e são promovidos nesses filmes. Mas trata-se sobretudo de uma ideologia contextual, que ultrapassa a própria acção do regime”.

Destaca ainda que o Estado Novo financiou apenas dois filmes de propaganda declarada, “A Revolução de Maio” (1937) e “O Feitiço do Império” (1940), ambos de António Lopes-Ribeiro, mas que toda a produção cinematográfica portuguesa das décadas de 30 e 40 foi condicionada, através da criação dos estúdios da Tóbis e a atribuição de prémios e subsídios para a produção de filmes, “foram apenas algumas formas de pressão que garantiam ao regime a colaboração dos produtores de cinema”.

O segundo momento do cinema do Estado Novo que Luís Vintém realça, é a altura em que começam a aparecer as vozes críticas, sendo estes dois períodos paralelos com a vida e a evolução do próprio regime e da sua aceitação pela sociedade, que “coincide aproximadamente com o início da Guerra Colonial e das primeiras grandes contestações públicas ao regime nas eleições presidenciais de 1958. Para além do desgaste do regime, começam a chegar ao cinema português os ecos do neo-realismo italiano”, nos filmes “Dom Roberto” (1962, José Ernesto de Sousa) e Verdes Anos” (1963, Paulo Rocha).

Um “Novo” cinema português

O chamado Novo Cinema português, de que o acima referido “Verdes Anos” é considerado a obra-prima, e um filme que ainda hoje se pode comparar ao que de melhor se fazia na Europa e no mundo à altura, foi, segundo Paulo Cunha, “importante para uma renovação cinéfila e cinematográfica que era essencialmente uma extensão da renovação social e cultural que atravessou a Europa no período pós-Segunda Guerra Mundial”. Luís Vintém menciona o Cinema Novo e a figura do produtor António Cunha Teles como “um marco histórico no cinema feito em Portugal. Nasce nesta época a ideia de um cinema auto-sustentável, autónomo do poder, e com um apurado sentido crítico e denunciador da situação social que o país vivia. Embora marcado pela influência do neo-realismo italiano e da “Nouvelle Vague” francesa, é um cinema de compromisso com a honestidade e verdade do que era o país no início dos anos 60”.

Paulo Cunha realça ainda que as novas vagas cinematográficas que surgiram na Europa, “por terem um pendor mais artístico e menos apelativo para as massas, passaram um pouco ao lado da repressão política e beneficiaram de uma certa tolerância. Essa “indiferença” criou um ambiente de liberdade criativa e artística que permitiu revolucionar formas de pensar, fazer e ver cinema”, ao contrário do cinema neo-realista, que era politicamente mais empenhado e que os regimes autoritários não hesitaram em combater.

Nomes maiores desta altura fecunda do cinema português são, o já mencionado Paulo Rocha, Fernando Lopes (o documentário “Belarmino”, de 1964, “Uma Abelha na Chuva”, de 1971), António de Macedo (“A Promessa”, de 1972) e João César Monteiro (a curta-metragem “Quem espera por sapatos de defunto morre calçado”, de 1971), o autor mais iconoclasta desta geração, que “explodiu” no final dos anos 80, início dos anos 90.

E a figura maior do cinema português, Manoel de Oliveira, que realizou duas obras-primas com “Douro Faina Fluvial”, de 1931 e “Aniki-Bóbó”, de 1942, e que tinha sido posto de parte pelo regime?

Paulo Cunha considera que Oliveira, por fazer cinema desde o período do Mudo, “não integra este núcleo de cineastas das novas vagas, mas influenciou e foi influenciado decididamente por essas correntes”, nomeadamente em obras como “O Acto da Primavera (1963), “A Caça” (documentário, 1964) e “O Passado e o Presente” (1972).

A “Idade de Ouro” do cinema português

A pujança do cinema português pós-25 de Abril, em termos da qualidade dos filmes e da sua popularidade junto do público, foi outro fenómeno marcante, em obras como “O Rei da Berlengas” (1978, Artur Semedo), “Kilas – O Mau da Fita” (1980, José Fonseca e Costa) e “O Lugar do Morto” (1984, António Pedro Vasconcelos), entre muitos outros filmes, da autoria de Alberto Seixas Santos, João Mário Grilo, João Botelho, Joaquim Leitão, José Álvaro Morais e dos documentaristas António Reis, António Campos e Rui Simões.

Paulo Cunha pensa que, entre outras transformações, o 25 de Abril trouxe a democratização também ao cinema, o que permitiu a “produção e circulação de um cinema mais politizado e socialmente mais crítico, o que aproximou o público das salas, mas também o cinema do público, como nas sessões de cinema ambulante. O cinema português também viveu esse momento de expansão e optimismo. O aumento quantitativo da produção de filmes permitiu diversificar essas produções, financiando-se cinema de autor, mas também filmes com pretensões mais comerciais”.

Esta “Época de Ouro” do cinema português terminou, segundo Paulo Cunha, “rapidamente, sobretudo pela falta de financiamento, ditada pela diminuição das receitas de bilheteira, e pela expansão do mercado do vídeo caseiro”, em finais dos anos 80, início dos anos 90.

O estado atual do cinema português, em que, com algumas exceções, os filmes têm muito pouco público, ocorre, na opinião de Luís Vintém, porque “em Portugal, o apoio às artes e à cultura é visto como um gasto e não como um investimento com retorno material e imaterial”.

Apesar de obras conceituadas, de realizadores como Miguel Gomes, João Salaviza, Sandro Aguilar, João Nicolau, Teresa Villaverde, Pedro Costa, Manuel Mozos, Pedro Caldas, João Pedro Rodrigues, de documentaristas como Sérgio Trefaut e Gonçalo Tocha e cineastas de animação como Abi Feijó, Regina Pessoa, Pedro Serrazina e José Miguel Ribeiro, no cinema atual no nosso país existe uma enorme disparidade ente as produções comerciais (com o destaque para os realizadores Joaquim Sapinho, Leonel Vieira e João Canijo), produções televisivas, geralmente adaptações literárias de best-sellers, e os filmes de autor premiados no estrangeiro, mas quase “invisíveis” para o público.

Este estado de coisas é visto por Paulo Cunha como um reflexo dos mesmos problemas que afetaram o cinema português nas últimas quatro décadas. Também a estratégia política do estado português, de apoio à internacionalização e reconhecimento do cinema português no estrangeiro, tem levado à opção “pelos filmes para “Paris”, em detrimento dos filmes para “Bragança”, terminologia usada nos anos 80 por Lucas Pires, então Ministro da Cultura, para classificar o cinema de autor e o cinema comercial”, o que criou uma “dependência do cinema da pasta da Cultura, ao contrário do que acontece noutros países, em que está sob a alçada da pasta da Economia, por exemplo”.

O “Drama” atual do cinema em Portugal

A polémica da nova Lei do Cinema e do Audiovisual, que requer que os operadores televisivos entreguem uma determinada verba para o financiamento do cinema português, e que está em flagrante incumprimento (de um milhão de euros) é, de acordo com Luís Vintém, “demonstrativo da forma como o tema é tratado em Portugal. O facto de estarmos há dois anos sem financiamento à produção de cinema é uma situação que nos envergonha como país”.

Paulo Cunha pensa que é “consensual entre os profissionais do cinema que a nova lei trará uma melhoria das condições para o cinema português, uma vez que prevê um aumento significativo do financiamento disponível”, e o impasse parece finalmente estar resolvido, com a eliminação da progressividade do aumento do valor cobrado aos operadores e a redistribuição da forma como essas verbas chegam ao cinema, o que irá desbloquear uma verba de 10,7 milhões de euros, para 2014.

Outro baluarte do cinema nacional, a Cinemateca Portuguesa, que tem passado ultimamente por sucessivos problemas, desde quebras no financiamento a demissões dos seus responsáveis, poderia ter como solução, para Paulo Cunha, o ficar “definitivamente dependente do Orçamento de Estado e não de uma taxa que se tem mostrado, e assim continuará, irregular e instável”, propondo o membro do Cineclube de Guimarães que a Cinemateca passasse para a tutela do Instituto Português dos Museus, mas mantendo “a autonomia administrativa e financeira que detém desde 1980”.

Ainda em relação à Lei do Cinema e do Audiovisual, Luís Vintém difere um pouco da opinião anteriormente expressa por Paulo Cunha, já que para Vintém, “se os grandes operadores investem em produtos de entretenimento para consumo interno e o cinema de autor não é simplesmente financiado, a balança pende para a produção do primeiro tipo de produtos”.

E conclui, voltando à figura centenária e tutelar do cinema português: “pouca gente saberá que o realizador português cujos filmes apresentam mais retorno económico é Manoel de Oliveira. O mercado internacional só terá interesse nos produtos audiovisuais portugueses se estes apresentarem características que os distingam e os tornem únicos”.

O Vendedor de Sonhos

      David Acates tem 28 anos, é natural da Chança, concelho de Alter do Chão, distrito de Portalegre, e em 2011 concluiu o Mestrado em Cinema, na Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã. Para ele, “mais do que um curso superior, o cinema é uma paixão. Desde miúdo que me recordo de ficar colado à televisão a ver filmes atrás de filmes. Quando chegou a idade para poder entrar numa sala de cinema, lá estava eu, pronto para me entregar de corpo e alma à sétima Arte”.

Depois dos anos de deslumbramento com o cinema, terá mudado muita coisa, com a entrada na idade adulta? David Acates pensa que não, que mudou “pouco, muito pouco. A paixão está intacta, talvez até mais fervorosa que nunca”.

Os três anos de licenciatura em Cinema e dois de mestrado proporcionaram-lhe um contato mais íntimo e prático com o cinema: “agora, estou muito mais dentro da arte. Não lhe conheço todos os truques e manhas, mas já vou conhecendo alguns”.

No final da licenciatura, em 2009, a sua primeira realização foi um projeto de grupo, a curta-metragem “Fobia”, com Pedro Diogo e Inês Leite no elenco. 

Quando chegou ao fim do mestrado, teve de escolher entre um estágio curricular, uma dissertação e uma curta-metragem. A escolha foi óbvia. “Nem foi preciso pensar. Com a decisão tomada, embarcava na viagem com que sonhava desde miúdo. Foram meses de bastante trabalho, algumas complicações, mas acima de tudo, muito prazer”.

“O Homem que viveu na minha casa”

O resultado final desta viagem pelo desconhecido foi a curta “O Homem que viveu na minha casa – a memória como obsessão”, com um elenco que incluiu Pedro Lima, Sónia Brazão, Alexandre da Silva e Sónia Botelho, estreada no UBICinema, o festival de cinema da universidade e também em Braga, onde foi premiada no “One Minute Movie Festival” e Portalegre, na “PechaKucha Night”.

Influências de Tarantino, David Lynch e outros realizadores de culto são percetíveis numa obra original, madura e enigmática, que em poucos minutos consegue prender a atenção do espetador. “O Homem que viveu na minha casa” é uma obra de estreia que conseguiu cativar a audiência, mas dois anos depois, qual é a opinião do realizador em relação à sua criação?

“Em jeito de confidência, a verdade é que após o projeto concluído, olhamos para a tal versão final do guião e fica sempre o pensamento de que poderia ter sido feito algo mais, mas o mesmo se pensa em relação às opções técnicas tomadas durante a rodagem. No fundo, haveria sempre algo a melhorar”.

Esta insatisfação e a vontade de sempre fazer melhor, que David Acates compartilha com todos os grandes realizadores, ao longo dos quase 120 anos da história do cinema, não muda a experiência única porque passou: “foram dias de muito trabalho, poucas horas de sono, algumas fases menos agradáveis, mas que no fundo se reflectia num enorme prazer e alegria por estar a fazer aquilo que sempre quis e sempre vou querer fazer”.

Depois da primeira experiência atrás das câmaras, em contexto académico, será uma realidade a transição para o mundo “kafkiano” dos concursos e dos apoios à realização de curtas e longas-metragens?

“Quero Cinema!

         David Acates não tem dúvidas em relação ao seu futuro: “quero trabalhar em cinema. Nos dias que correm, não é fácil manter esta afirmação, tenho essa consciência, e ainda assim, mantenho-a e agarro-me a ela com unhas e dentes”.

A perseverança, outra qualidade que é uma das marcas dos realizadores, é algo que poderá levar David Acates à indústria cinematográfica, mas “a realidade é que não é fácil iniciar vida no cinema, salvo algumas excepções, sobretudo em Portugal e nos tempos que correm. Não irei abandonar o sonho do cinema, nunca me passou pela cabeça tal pensamento, mas a verdade é que não é nada fácil…”.

O atual panorama do cinema português pode estar a passar por uma situação difícil, com a crise e a polémica da nova Lei do Cinema e dos Audiovisuais, mas ainda assim, o jovem realizador afirma que “têm havido alguns bons sinais de quem não se conforma com as dificuldades inerentes ao país e à área do cinema em particular”. Um bom exemplo disso são as várias curtas-metragens recentemente premiadas em vários festivais internacionais de muito prestígio, como Cannes e Veneza.

David Acates, refletindo sobre os cinco anos passados na Covilhã, afirma perentório que “o meu percurso académico só veio aumentar a chama do cinema em mim. A Paixão esteve sempre lá, os estudos só a vieram avivar ainda mais”.

O Melhor do cinema português

      Da lista exaustiva que Paulo Cunha selecionou como os melhores filmes do cinema português, por décadas, há títulos que sobressaem pela reputação que foram criando ao longo dos anos, principalmente através da reposição em épocas festivas na RTP 1 e durante todo o ano na RTP Memória, no mercado de DVD e também em projeções na Cinemateca Portuguesa. Muitos dos filmes desta lista foram premiados nos festivais mais importantes do mundo (Cannes, Veneza, Berlim, entre outros).

Desse conjunto de títulos, destacamos 15 obras-primas, que poderão constituir um começo ideal para uma DVDteca do melhor da 7ª Arte no nosso país:

Maria do Mar” (1930, Leitão de Barros)

A Canção de Lisboa” (1933, Cottinelli Telmo)

O Pai Tirano” (1941, António Lopes-Ribeiro)

Aniki-Bóbó” (1942, Manoel de Oliveira)

Os Verdes Anos” (1963, Paulo Rocha - Melhor Primeira Obra, Festival de Locarno)

Belarmino” (1964, Fernando Lopes)

Mudar de Vida” (1966, Paulo Rocha)

Brandos Costumes” (1975, Alberto Seixas Santos)

Um Adeus Português” (1986, João Botelho - Prémio Ecuménico do Júri, Festival de Berlim)

Duma Vez por Todas” (1987, Joaquim Leitão)

O Processo do Rei” (1990, João Mário Grilo)

Recordações da Casa Amarela” (1989, João César Monteiro - Leão de Prata, em Veneza/Nomeado para Melhor Filme, nos Prémios do Cinema Europeu)

Vale Abraão” (1993, Manoel de Oliveira - Prémio da Crítica, em São Paulo)

Três Irmãos” (1994, Teresa Villaverde - Prémio Melhor Atriz, em Veneza)

Tabu” (2012, Miguel Gomes - Prémio FIPRESCI da Crítica, em Berlim)


Aos confrades, amigos, adeptos e simpatizantes

     Devido a um problema informático de última hora, não nos será possível fazer a postagem desta semana.    Esperando resolvê-lo em breve,...