segunda-feira, 26 de julho de 2021

José do Carmo Francisco, Crónicas do Tejo

 




Nuno Costa Santos - do cânone ao poema exemplar


Ainda a propósito do cânone da Literatura Portuguesa dos séculos XX e XXI, também já fui questionado sobre o «meu» cânone em particular. Não admira esta pergunta pois escrevo sobre livros e autores em jornais e revistas desde 1978, além de ter feito parte de Júris de Prémios Literários variados tanto da Associação Portuguesa de Escritores como de diversas Câmaras Municipais. O «meu» cânone é múltiplo e envolve não apenas poesia e ficção, antes se expande pelo teatro, pelo ensaio, pelo jornalismo e até pela fotografia que é uma maneira de «escrever» mesmo sem usar a gramática da escrita. Este poema de oito versos de Nuno Costa Santos diz tudo sobre o tempo português na passagem da Guerra Colonial (1961-1974) e o consumo generalizado da «droga» em todos os cantos e recantos de Portugal Continental e Insular. Sem mais comentários, vejamos o poema tal como surge no livro «Morrer é não ter nada nas mãos» - edição da Companhia das Ilhas: «A Guerra Colonial da minha geração foi a droga. / A droga que derrotou vocações, /sepultou famílias, /dizimou em nome de um inimigo:/ o medo de se bastar com os dias./ A Guerra Colonial da minha geração /não teve heróis mas sim uma heroína. /Foram raros os que regressaram dessa guerra.» Este poema faz parte do meu Cânone pois se trata de um poema perfeito de conhecimento e de síntese pois diz tudo sobre o impacto da droga e das drogas nos jovens que nasceram depois de Guerra Colonial como é o caso de Nuno Costa Santos, nascido em 1974. Para concluir: o meu cânone pessoal pode incluir textos de Manuel de Fonseca, Carlos de Oliveira, Ruy Belo, Fernando Pessoa, Raul Brandão, Ruben A., Bernardo Santareno, Romeu Correia ou Fernando Assis Pacheco mas não posso dispensar o Nuno Costa Santos. Por tudo o mais e por este poema cujo título é «Guerra Colonial».


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