ns
poeta
bissexto me confesso. comovo-me com o
sofrimento
das pessoas e dos animais.
gosto
de todas as luas com a linha do horizonte no
meu
mar da Nazaré
nada
sei das tempestades que se aproximam e gosto de
cantar
o amanhecer. frequento urgências do hospital
e
sei ver a dor mesmo a maior de todas tentando
inventar
uma história para todos os dramas à minha
volta.
naquela fábrica de tantas dores. sempre com a
cabeça
na lua continuo agarrado a sonhos e a todos os
mistérios
da vida e da morte.
a
presença dos insectos e das estevas. as abelhas
beijando
as flores. aquele cavalo solitário no campo.
sei
que o tempo não tem perdão e este não é ainda
o
tempo dos poetas. partiu-se o cântaro da água da
infância
e o eco das vozes familiares já não se faz ouvir ao longe.
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