segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Três poemas de Rui Magalhães

 


ns, O viajante



Do bosque que acolhe a solidão dos pássaros

não há relatos deste lado do mundo.

Apenas a suspeita trazida pelo viajante

que uma noite falou de pássaros sem sombra

de pássaros que cantam e não se ouvem cantar.

E do sábio que habita no bosque.

                            *

Deixou os apetrechos junto ao fogo

e subiu a colina até ver além da noite.

Não lhe faltaram armas nem crenças

nem o corpo lhe falou de qualquer desejo.

Ficou ali até o fogo se apagar

e só então regressou à vida.

                           *

Para trás ficaram campos intermináveis

e cidades ardilosas.

À sua frente há só o silêncio da viagem

e as memórias entrevistas no início da noite.

Embora o viajante seja despojado de crenças

tem uma particular estima por essa verdade.

 

In “O viajante exposto à verdade das coisas”


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