terça-feira, 8 de março de 2022

Um poema de Maria Azenha e um outro, de Boris Pasternak

 




Numa folha da Primavera

 

O que é a Paz?

Onde está a sua sede?

Onde está o seu mercado?

Já tem escritório?

Já entrou na bolsa?

A Paz, ontem, valia milhares de mortos…

 

Alguém saberá onde estão os seus ovos?

No cemitério?

No céu?

Ninguém sabe, pois não?!

 

A Paz, atarefada com a guerra, abre a sua própria cova.

Lá esconde os seus ossos. Os seus bosques de neve.

 

Ouvi, então!

Agora mesmo rebentou uma folha da primavera cheia de versos.

 

Só uma criança a viu.

Chama-se Kiev.

 

Porque esperam?

Nada acontece duas vezes do mesmo modo!





POEMA

 

Ser famoso não é o que conta,

Não é o que te levanta.

Não tens necessidade de arquivar

Agitando-te sobre manuscritos.

 

O objetivo da criatividade é a doação,

Não um triunfo, nem um sucesso.

É dispensável, nada significa

Se não for uma parábola na boca de todos.

 

Mas devemos viver sem impostura.

Vive então para que no final

Atraias o amor pelo espaço

Ouvindo o apelo do futuro.

 

E mesmo deixando lacunas

No destino, não entre os teus papéis,

Lugares e capítulos de uma vida inteira

Bem sublinhada nas margens.

 

(Tradução de ns)


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