terça-feira, 8 de março de 2022

Nicolau Saião, Goebbels agradeceria

 


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   Goebbels, como sabem, era o chefe máximo da "Informação" na Alemanha nazi. Mandava não só nos Jornais e Rádio mas também no sector do Cinema, do Teatro e do comércio livreiro - todos sujeitos a um férreo controle que no mínimo levava ao encerramento das suas actividades e, no mais usual, à prisão e aos campos de concentração.  O órgão que teve a sua preferência durante toda a guerra e também nos anos que a antecederam era o "Volkischer Beobachter", primeiramente dirigido pelo antissemita Dietrich Eckart e, depois, por Alfred Rosenberg, o ideólogo racista considerado um dos grandes bandidos da História contemporânea.

 

   Era nesse periódico que Goebbels, quase diariamente, exercia o seu estro como propagandista-mor do regime nacional-socialista (nazi), sendo como era a alma-danada de Hitler e um especialista em fazer do branco preto e do preto branco, num exercício de retórica execrável que, mais tarde, o outro estado totalitário, sob as ordens de Stalin, levaria às últimas consequências.

 

   Evidentemente que o "Volkischer Beobachter", na Inglaterra e nos países aliados que enfrentavam a besta nazi, estava interdito. Porque era um órgão de propaganda espúria e ao serviço dos intuitos da Gestapo e dos serviços secretos das SS.

 

   Recentemente, como parte das sanções aplicadas ao regime sicário de Wladimir Putin, algumas agências e emissoras sob o controle deste chefe totalitário foram impedidas de emitir no Ocidente, sendo como eram órgãos de propaganda orientada, ou seja: da agit-prop mais descarada justificando a invasão e despedindo nefandos ataques à Democracia, num esforço belicista indesmentível.

 

   Pois logo algumas "testemunhas falsas", ou dos chamados "betinhos", num articulado que mostra bem o seu apoio subreptício àquela ditadura, vieram a público clamando que elas deviam continuar a emitir por cá, caso contrário havia censura...!

 

   Ou seja, devia consentir-se que continuassem a exercer livremente o seu papel de apoiantes do indivíduo que ainda anteontem lançou uma lei que postula que sejam cominados com 15 anos de prisão os que do seu povo se atrevam a questionar a guerra, quem a faz e quem a sustenta!

 

    Goebbels não faria melhor. Goebbels ficaria muito feliz se Winston Churchill consentisse que o "Volkischer Beobachter" aparecesse nos quiosques britânicos tranquilamente!

 

     O cinismo, concluímos, em certas gentes é singular. E serve-se de tudo, até das ideias mais obnóxias e hipócritas, para tentar levar a água ao seu moinho... 


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