SUMA SÍNTESE
(I)
Das carícias, augúrios,
da noite ao beijo da manhã
Se inscreve o trajecto
que em pura síntese sustém o mundo:
Arco que do convite
conduz à despedida, no fundo
Fecha o claro círculo da
donzela que é sempre louçã.
Falo do seu ponto de
vista, na verdade tanto faz.
Acaricia, é acariciada,
beija e é beijada
Entra no reino da noite,
antes da alva é acordada:
Dia obrigatório como
intervalo no que mais apraz.
Pelos carinhos nas trevas
ingressa na descontracção
No prazer, no à vontade,
na alegria de todo o ser;
O ósculo da manhã é o
vestíbulo do que há que fazer
Um adeus que lhe deixa
consolado e forte o coração…
Das carícias da noite ao
beijo consagrando a aurora
Abarcando a inteira vida,
certo em toda e qualquer hora.
SUMA SÍNTESE
(II)
Pode ser tão só
imaginado. Podem as circunstâncias
Ser impedimento,
obstáculo mais ou menos temporário
As carícias da noite por
aí se ficarem, no vário
Fluxo da existência a
flor não se abrir em sua fragrância.
Não importa. O espírito
vai à frente, é secundário
Se o corpo não acompanha
o desejado movimento.
Fica a memória e a
intenção, para nesse momento
Esculpir o que não tem de
ser regular ou ter horário.
Os afagos da noite são
promessa, fundam o desejo
Do que no compasso mais
próximo será sempre o melhor;
O beijo da manhã tão só
recordatória desse amor
Exposto ao tempo, de
muitas formas activando o ensejo.
Das carícias da noite ao
beijo da manhã eu hoje canto
Envolto em gratidão,
ternura, e um espantado espanto.
Sem comentários:
Enviar um comentário