Obra-prima de Ernest Hemingway, o famoso
romance com este título provindo de um poema do autor cristão John Donne afixa
uma atitude de humaníssima interrogação perante as amarguras do mundo e, mais
do que isso, perante os actos discricionários que, desde os mais pequenos
caciques de província até aos ditadores de Nações, conspurcam a existência
pacífica e civilizada das sociedades, criando uma espécie de vida paralela,
antidemocrática e assente na mentira, no confusionismo, na difamação e na baixa
calúnia.
O que visam é criar um estado de coisas
sensível à intimidação, para que através da cedência moral e ética não se
tenham forças para efectuar o repúdio de manipulações ilegítimas, de negações
da vida íntegra: o que ultimamente se tem passado com a criminosa clonagem de
seres humanos é um exemplo do que pretende essa propaganda. Mas não é o único:
em determinados locais, busca-se interditar a acção de pessoas de boa-fé, que
desmascaram ou combatem gente eivada de cinismo e que chega a servir-se de instituições
respeitáveis. O objectivo é bem claro: estabelecer o seu autoritarismo sobre os
destroços que desejam criar.
A este propósito, ocorre-me o que sucedeu em
França, nos anos 30, com um homem de grande nobreza de carácter: diversos
sujeitos, atacados nos seus privilégios indevidos e maliciosos pelo escritor
François Janin, brilhante orador e amigo de escritores destacados tais como
Gilbert Cesbron, Jules Jacob e Robert Weiglé - confidente de Saint-John Perse -
desencandearam contra ele acções que configuravam um verdadeiro “assassinato de carácter”, visando
impedi-lo de esclarecer a opinião pública sobre os jogos de influencias que os
norteavam. Durante dois anos tudo tentaram, apoiados em gente sem moral, venal
e maldosa.
No entanto, ajudado pela força da razão e
também pelos escritores seus amigos, que igualmente se destacariam no combate
contra os nazis, François Janin desmascarou os energúmenos, que a seu tempo ali
tiveram o seu simbólico Waterloo.
E foi lembrando-se duma conversa que em dada
altura com ele manteve, durante a qual ele lhe citara a frase de Donne, que
Hemingway epigrafou o título famoso.
De facto, por quem dobram os sinos? Não é
apenas pelos que morrem, mas por todos os que a felonia, a venalidade e o falso
testemunho tentam prejudicar na sua integridade. Quando, simbolicamente, a
morte por algum tempo se sobrepõe à vida, a mentira à verdade – eis que se ouve
um plangente som de sinos dobrando. Por isso é que as pessoas de bem devem
recusar os tentames dos que, servindo-se das falsas analogias (caso da
clonagem) ou das calúnias soezes, buscam violar as consciências das populações
e das pessoas decentes, para melhor estabelecerem o seu reinado de
horizontalidade moral.
E se é verdade que, como diz a conhecida
frase, “a maldade não prevalecerá contra
a verdade dos justos”, é preciso que as pessoas de boa-fé ergam um muro de
honradez que corte o passo aos que se servem de ardilosas camuflagens para se
furtarem a que os reconheçamos como aqueles que sempre buscaram perpetuar o
calvário humano.
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