Os sete magníficos do «Diário
Popular»
José
de Freitas, Fernando Teixeira, Urbano Carrasco, Abel Pereira, Jacinto Baptista,
Baptista Bastos e José de Lemos – depois de lhe referir os nomes e de os
definir a traços largos e concisos, Mário Ventura, no prefácio do livro «Morrer
em Portugal» (Bertrand) adianta o seguinte: «Foi no meio destes homens, e com
eles, que aprendi o que sei de jornalismo e me habilitei a honrar os princípios
que sobrevivem ao esmagamento da
imprensa portuguesa nos últimos
cinquenta anos.» O texto é de 1975, basta fazer as contas. Tudo isto tem a ver
comigo pois este é o meu jornal desde sempre. Nasci em 1951 em Santa Catarina –
Caldas da Rainha e aprendi a ler pelos idos de 1957 pelo «Diário Popular» que o
meu pai trazia para casa ao fim de um dia de trabalho no Montijo onde conduzia
uma Mercedes Benz da brigada dos Serviços Prisionais para a construção do
Palácio da Justiça. Mais tarde (1961-1966) em Vila Franca de Xira tinha longas
conversas no Jardim frente ao Tejo com os meus colegas de turma no Curso Geral
do Comércio. Uns eram pelo «Diário de Lisboa», outros pelo «República» mas eu
era fiel ao «Diário Popular». É neste jornal que está a minha família
sentimental, seja ela nuclear ou alargada. Agora já é tarde para mudar. No
momento em que escrevo esta crónica estou perto de celebrar 72 anos; mudar de
jornal nem pensar. Mesmo que esse jornal tenha acabado no sentido em que se
deixou de publicar. Ficaram as memórias e a minha vida é feita cada vez mais de
recordações. Afinal os sete magníficos eram oito. Santos Fernando tinha a
coluna «Os grilos não cantam ao Domingo» e eu não perdia nenhuma. Mesmo quando
chovia.
José do Carmo Francisco
Muito belo, apesar da toada singela, que bem poderia ser a de muitos deles.
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