segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Dois poemas de Jean Hautepierre

 


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É O TEMPO PESADO DAS RECORDAÇÕES

 

É o tempo pesado das recordações;

Voltam na sombra maluca,

Imagens que vemos ressurgir,

Músicas e perfumes, palavras.

 

Com frequência, há uma dor no horizonte

A noite sobe mais alto que as torres;

Está lá essa hora, triste e serena

Como um luto que jamais acaba.

 

E é então, no limiar do mistério

Das coisas sombrias e das pedras

Que elas reaparecem, infinitas,

E que desfilam em multidão

Falando-nos dos dias que já foram,

Falando-nos dos amores que morreram.


 

É A HORA OBSCURA DA NOITE

 

É a hora obscura da noite;

É a hora obscura onde tudo desaparece,

As recordações, as alegrias, os sonhos,

A vida - e tudo o que nela se contém.

 

É a hora em que se ouvem os passos

Soar como soa o gelo,

Num céu vazio e numa alma alheada;

A esta hora, onde sem um adeus,

Tudo se extingue até ao último fogo,

Não há mais devaneios nem palavras.

 

É a hora imensa em que da terra

Sobem as sombras e as pedras,

Fazendo reinar do mineral

A ordem muda, dura, primordial.


Tradução de Cristino Cortes

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