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É O TEMPO PESADO DAS
RECORDAÇÕES
É o tempo pesado das recordações;
Voltam na sombra maluca,
Imagens que vemos ressurgir,
Músicas e perfumes, palavras.
Com frequência, há uma dor no horizonte
A noite sobe mais alto que as torres;
Está lá essa hora, triste e serena
Como um luto que jamais acaba.
E é então, no limiar do mistério
Das coisas sombrias e das pedras
Que elas reaparecem, infinitas,
E que desfilam em multidão
Falando-nos dos dias que já foram,
Falando-nos dos amores que morreram.
É A HORA OBSCURA DA
NOITE
É a hora obscura da noite;
É a hora obscura onde tudo desaparece,
As recordações, as alegrias, os sonhos,
A vida - e tudo o que nela se contém.
É a hora em que se ouvem os passos
Soar como soa o gelo,
Num céu vazio e numa alma alheada;
A esta hora, onde sem um adeus,
Tudo se extingue até ao último fogo,
Não há mais devaneios nem palavras.
É a hora imensa em que da terra
Sobem as sombras e as pedras,
Fazendo reinar do mineral
A ordem muda, dura, primordial.
Tradução de Cristino Cortes
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