Ele segue a corrente até antes da fonte
e aí observa as nuvens
reflectidas na terra pura.
É esse o seu modo de tornar-se cego
e de esquecer a bondade que lhe tenta o
coração.
Pela madrugada
quando o sol nasce e a noite se apaga
o viajante compreende que o prodígio da luz
traz com ele o esquecimento das memórias mais
sagradas.
Deixa por isso que o fogo esmoreça
e parte em busca da verdadeira noite.
O viajante é também um peregrino do silêncio.
Nessa condição observa os pássaros
e espanta-se com a filosofia que eles esbanjam
num rumor de alegria.
Os pássaros fazem-lhe lembrar o que ficou para trás
a condenação que o fez viajante
e a viagem que o fez homem.
À medida que se aproxima da presa
aumenta-lhe a tensão na alma
e nas pernas sente o coração acelerado.
Ao contrário
a presa completamente pacificada com a sua
sorte
ignora sabiamente a ansiedade do caçador.
É assim que presa e caçador são acolhidos
pelo bosque magnânimo que a ambos condena.
Sem comentários:
Enviar um comentário