terça-feira, 26 de julho de 2022

José do Carmo Francisco, Dissertação para uma foto de Alfredo Cunha

 


Entre a água e a terra, a mulher vence uma distância não apenas de quilómetros mas de gerações. Entre a solidão do corpo e a força dos seus passos, há uma apoteose de duas cores: os lutos são negros, os sonhos são brancos. Esta mulher não para nem pode parar.

Há nela o peso do Mundo anterior e a leveza do Mundo a chegar. A água vai subir, tudo se altera todos os dias mas a memória do momento não será destruída nem vai perecer. O fogo morre, o forno arrefece, a luz apaga-se, o dia acaba mas uma mulher de negro fica na fotografia de Alfredo Cunha e dela já não vai sair. Permanece na página 444 do livro «O tempo das mulheres».  


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