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PLUTÃO
Eu sou Aquele que reina
no meio dos Infernos,
Senhor dos tormentos e
das escuras margens
E dos grandes medos que
roem os rostos,
E das sombras gritando no
retinir dos ferros!
Reino sobre um povo
acabrunhado pelo sofrimento,
Embriagado pelos cantos
duma infelicidade eterna.
Sísifo excitado que se
esmaga e recomeça;
O Estige e o Aqueronte
correm no seu fluxo vencedor.
Eu vejo o infinito,
pálido de indiferença,
O meu imenso universo de
chamas e de noite
Acompanhado pelo Cerbero -
e como ele eu me aborreço
Porque eu já vi muitas
coisas, demasiado vi esta sombria batalha
Em que a Dor, a minha
mestra, nunca fica satisfeita;
E na longa noite pelas
nuvens percorrida,
Pelas chamas, pelas
fúrias roendo as carnes feridas,
Dilacerando tudo com o
seu infindável e terrível ardor,
O meu escravo, o Tempo, o
grande Perseguidor.
DEMÉTER
Os campos inteiros,
extensões douradas
Agitavam-se ao vento,
orgulhosas vítimas,
E o fogo que dourava as
suas extremidades
Jamais teve um tão belo
cenário;
E na imensidão do azul,
qual ilha majestosa,
Uma nuvem branca
atravessando os céus
Rolava com lentidão a sua
massa volumosa
As suas catedrais de água
e sonhos enevoados.
De repente, estalando as
suas paredes numa dança eterna,
Fazia cair sobre tudo as
pesadas chuvas de Verão,
Brilhante, fugida das
sombras e da ausência,
Trotava sobre um carro de
ouro, no ar imaculado,
A loura Deméter, a rainha
dos campos de trigo.
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