terça-feira, 12 de abril de 2022

Um poema de Cesar Moro

 


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UMA ESTRADA DE TERRA NO MEIO DA TERRA

 

Os ramos de luz atordoante povoando inúmeras vezes

       O espaço da tua testa assaltada por ondas

Asfalto de fogo tecido com cabelos macios e traços

      leves fósseis de plantas delicadas

Ignorada pelo mundo banhando os teus olhos e o rosto de

      lava verde

Quem vive! mal adormecido eu volto de muito longe para ti

      ao encontro das trevas com o passo de um chacal mostrando-te

      conchas de espuma de cerveja e prováveis

      palácios de madrepérola lamacenta

 Vivendo sob as algas

 O sonho na tempestade sereias como um relâmpago no

     amanhecer incerto um caminho de terra no meio da

     terra e nuvens de terra e a tua fronte ergue-se, como

     um castelo de neve e apaga o amanhecer e o dia

ilumina-se e a noite volta e as madeixas do teu cabelo

     interpõem-se e açoitam o rosto gelado da noite

Para semear o mar de luzes moribundas

E que às plantas carnívoras não falte o alimento

E cresçam olhos nas praias

E as selvas despenteadas gemam como gaivotas.

 

(Tradução de nicolau saião)


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