quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Resposta de NS ao questionário a circular na net

 


Alfonso Bonifacio



     Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?

    

    Posso escolher três? Aí vão: “O homem da montanha” de Dino Buzzati, “As minas de Salomão” de Ridder Haggard - mas não na tradução (incompleta) revista pelo Eça, que é à portuguesa curta - com as encenações duma rota para todas as viagens: ”Fui-me deitar. E levei toda a noite a sonhar com o deserto, diamantes e animais ferozes e com o infortunado aventureiro morto de fome nas vertentes geladas dos montes Suliman” e as páginas marcadas a fogo de “O pássaro pintado” de Jerzy Kosinski.

 

    Já alguma vez ficaste apanhadinho por uma personagem de ficção?

 

     Sim, por várias: o Axel Munthe de “O livro de San Michele, o sir Charles Ravenstreet de “Os mágicos” de J.B.Priestley, a mrs. Dolloway de Virgínia Woolf, o Herbeleau de Jean Husson… E porque não o Danny April de Bill Ballinger, na sua busca desesperada da pureza e do amor absoluto no magnífico thriller “Versão Original”?

 

Qual foi o último livro que compraste?

 

     Foram quatro e não um – e todos em espanhol (há já muito tempo, por uma questão de “localização”, que não compro livros novos em língua portuguesa, essa tarefa está agora reservada a um dos meus filhos): “El viaje de Simbad” de Tim Severin, roteiro muito real (as costas do Malabar… as terras de Oman…) construído sobre os mapas do ficcionado aventureiro árabe; o “Dalí” de Lluís Llongueras acabadinho de sair na Ediciones BSA; o “Mentiras fundamentales de la Iglesia Católica”, uma análise séria e competente de Pepe Rodríguez também na BSA; as “Prosas” de Cláudio Rodriguez, onde se arrolam em menos de 300 páginas (é o suficiente…) tudo o que o grande poeta nos deixou – e, como que fazendo parte do pacote, as suas “Poesias” oferecidas na horinha…

 

     Qual o último livro que leste?

 

     “Os grandes cemitérios sob a Lua” de Georges Bernanos.

 

Que livros estás a ler?

 

     Como leio/releio vários ao mesmo tempo posso dizer três? “Os filhos do capitão Grant”, de Verne; “A costa das Syrtes”, de Gracq; “A vida essa aventura” do grande biólogo Jean Rostand.

 

     Que livros (cinco) levarias para uma ilha deserta?

 

     Depois de meditação algo aturada: “A ponte sobre o Drina” de Ivo Andric, tributo ao real, ao sonho e à sua mútua interpenetração; “Alain Decaux raconte” - tributo à História, para não perder o continente; “A montanha mágica” de Mann, tributo ao exactamente porque sim; “Os triunfos de Eugène Valmont” de Robert Barr, para manter na ilha o champanhe gelado; e “En compagnie des vieux peintres” de Léo Larguier, para saber ver o horizonte enquanto esperava o barco que me levaria definitivamente de regresso.  

    (Passado sob as barbas dos guardas-marinhas, o “Diário” do Amiel na edição velhinha - a mais completa - da Stock…).


A quem vais passar este testemunho e porquê?

 

     Ao Floriano Martins da “Agulha”, porque Fortaleza também é a minha debilidade.


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