segunda-feira, 27 de setembro de 2021

José do Carmo Francisco, As buganvílias de Marta na ADECO

 



Passaram já trinta e quatro anos mas tudo permanece igual no recreio da ADECO com as paredes caiadas e os pneus dos meninos em sossego mas por pouco tempo. As buganvílias de Marta são uma afirmação do calendário; o seu esplendor está no coração do mês de Maio prestes a despedir-se do Mundo entre o Dia da Mãe e as primeiras cerejas tão vermelhas como as flores. Aqui, no recanto do recreio dos meninos, só os pneus podem dialogar com a exuberante beleza das buganvílias. Com uma diferença: os pneus precisam de perícia, de velocidade e de destreza mas as flores não precisam de nada; elas já são só por si o maior valor acrescentado à luz da manhã no Jardim Infantil.

Na grande seara de lágrimas e de sangue pisado, de saudade e de distância, as buganvílias de Marta na ADECO são mais que uma imagem e uma memória, são o adubo da nova sementeira que todos os anos se repete no pátio onde os meninos velozes correm ao lado dos velhos pneus. Depois do frio e da chuva no Inverno vem o Sol e o calor da Primavera. Como se fosse também um relógio, o tempo dá a sua luz ao esplendor das buganvílias. É assim como a Música, uma melodia com princípio, meio e fim mas que, mesmo depois do último acorde, não se perde mesmo quando se deixa de ouvir. E continua a cantar, como se fosse um leve sussurro, no coração de cada um de nós. (escrito sobre uma foto de Ana Isabel).


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