quinta-feira, 17 de junho de 2021

Um poema de Radovan Ivsic

 




POEMA

 

Pouca água

vem e vai nas dobras da areia

ao lado das pegadas molhadas dos pássaros.

E de novo uma onda tudo cobre.

E como se nada tivesse acontecido,

a névoa arrasta-se no musgo,

abre caminho entre as densas samambaias.

Mas ao crepúsculo as palavras estão vivas,

são como um botão que fecha a respiração,

e as palavras nascem sem cessar.

Esmagadas, dobradas, espremidas,

envenenadas, sufocadas, podadas, ridicularizadas

as palavras contudo não morrem.

 

Talvez se conheçam sob os penhascos,

ou sob nuvens pesadas,

talvez nos desertos mais distantes

ou nos corações perdidos.

 

(in “SER CAPAZ DE DIZER”)

 

(Tradução de nicolau saião)


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