POEMA
Pouca água
vem e vai nas dobras da areia
ao lado das pegadas molhadas dos pássaros.
E de novo uma onda tudo cobre.
E como se nada tivesse acontecido,
a névoa arrasta-se no musgo,
abre caminho entre as densas samambaias.
Mas ao crepúsculo as palavras estão vivas,
são como um botão que fecha a respiração,
e as palavras nascem sem cessar.
Esmagadas, dobradas, espremidas,
envenenadas, sufocadas, podadas,
ridicularizadas
as palavras contudo não morrem.
Talvez se conheçam sob os penhascos,
ou sob nuvens pesadas,
talvez nos desertos mais distantes
ou nos corações perdidos.
(in “SER CAPAZ DE DIZER”)
(Tradução
de nicolau saião)
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