segunda-feira, 3 de maio de 2021

Três poemas de Louis Scoutenaire

 




PLUMAS PERDIDAS

 

Beethoven não ri nunca.

 

Os seus cabelos, os seus vestuários

são negros e os seus filhos mal amados.

Beethoven, velho de dois séculos

não abandona a minha bigorna

a minha bigorna de simples poeta.

 

Os seus olhos velados brilham

como a taínha nadando na lama.

 

 

 

A ESCRITURA NA FRONTE

 

Em certo dia alguém juntou

palmeiras e mais palmeiras

ao redor da cabeça

para fazer um jardim.

E depois colocou o jardim

sobre a testa.

 

E no dia seguinte as palmeiras tombaram.

 

Escutem: a morte

chega

rufando como um tambor.

 

 

 

AS ESPUMAS DA INOCÊNCIA

 

A rainha defende os velhos

a face dos charcos antigos

a chuva de que se forjam os alfinetes bicéfalos

 

E pela tardinha

derrubou todas as árvores que a oprimiam

 

O chapéu devora-se docemente

no centro da mesa

e as cidades aprumam-se um pouco

 

fora da quotidiana aventura.

 

(Tradução de ns)


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