“E DE SORRISO EM
SORRISO…”
E de sorriso em
sorriso
isso bastou para amarem-se:
dizendo frugais
palavras
mas sonoras de
sentidos.
Nas langues horas
vividas
era no silêncio
grave
que os seus olhos
se exaltavam,
que as suas bocas
bebiam.
E quando os dedos
se uniram,
quando as mãos
s’entrelaçaram,
a noite havia
surgido
como intenção
desejada.
…
Depois sem rumo partiram
para o amor
consumarem.
“UM FIO D’ÁGUA…”
Um fio d’água foi
o teu passar
tão fugidio que os
meus olhos presos
àquele movimento
de surpresa
quase sem ver mas vendo-te ficaram.
Tua figura esguia
meneava-se
como folhas
vernais dum arvoredo
que uma brisa
veloz tivesse aflado
subitamente para
mais crescerem.
E assim cruzaste a
minha solidão
sorrindo tão de
leve que nem lembro
se para mim
olhaste em tal exílio.
Mas satisfez o que
me deste então:
que uma fonte
escondida existe sempre
capaz de brotar
água: seja um fio.
“A COROA DE
NÉVOA…”
A coroa de névoa
que sobrevoa a
vila
será a porta aberta
ao começo do dia.
Permite
penetrar-se
lenta serenamente
por cores
matizadas
que a coloram também.
A pouco e pouco
deixa
em pequenos
fragmentos
que por ela se
veja
o casario além.
E janelas que se abrem,
escancaradas
portas:
o bulício usual
de tudo o que se
move –
o repassar das
gentes
trocando vãs
palavras,
ou animais que
arrastam
consigo iguais
lamentos…
A névoa fugiu longe,
e outra névoa
começa
em diverso
horizonte
d’incertezas nublado
e cada vez mais
perto:
do dia a dia as mágoas
e ninguém que as
impeça.
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