quinta-feira, 25 de março de 2021

Quatro poemas de Jean-Paul Mestas

 

Barnabooth

 

Muitos o reconheceram

distraído

olhar de viajante

as mãos prontas para a escrita.

 

Lisboa está no ponto

Londres pensativa

adulada Lutécia…

Ó capitais que as palavras

imperceptivelmente fazem sussurrar!

 

Aqui a cabeça pesada

um lembrado sapateado

inquieto talvez do silêncio

que enigmaticamente o assalta.

 

Enfim um momento lhe permite

a um sonho abrir o seu momento dourado.

 

Cadastro imaginário

 

Aqui ficarão os murmúrios

com um pouco de terra

retirada dos velhos tempos;

 

ao lado ficarão os silêncios

rodeados de discretos suspiros

como os das mulheres

na expectativa do amor;

 

algures, um pouco mais longe

reviverão as estátuas

adormecidas na nossa memória.

 

 

Retorno sobre si mesmo

 

Aos anos que vão passando

não contes jamais

o que foram as tuas impaciências.

 

 

Lembra-te que as estátuas

ficaram como ausentes

no fundo da tua memória.

 

Assim podes imaginar

ter sido

o que semeava palavras na lua.

 

 

Um grito

 

Vias travessas

e desejos nados-mortos

um grito

rompe os silêncios confundidos

pelo seu próprio estrondo

num império onde a memória

tem sobressaltos cruéis

e dolorosos desfaleceres…


Tradução de Cristino Cortes

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