(O “Magazine & ETC” foi uma recente
edição em fac-simile, de capa dura com ferros a prata, da Editora Canto Redondo
em parceria com o Jornal do Fundão, contendo todos os números do Suplemento Cultural
que ali se puderam publicar).
Declaração de ns para o MAGAZINE & ETC
Em meados de 1970 voltei
da colónia da Guiné, onde durante dois anos e pouco cumprira comissão militar
por imposição.
Três
ou quatro meses depois, ao que recordo, fiz algo que congeminara durante os
últimos tempos da minha estadia, forçada, naquele rincão africano: através de uma
carta a António José Forte - cujo endereço consegui arranjar junto de um seu
conhecido dos tempos em que fora o funcionário responsável, em Portalegre, da biblioteca
itinerante da Fundação Gulbenkian – entrei em contacto com os membros do
chamado “Grupo da Grifo”, revista surreal-abjeccionista editada por essa altura
e imediatamente retirada de circulação pela PIDE.
Constituído
por autores como Virgílio Martinho, Ernesto Sampaio, Pedro Oom, o referido
A.J.Forte, Luiz Pacheco, Miguel Erlich, Eurico Gonçalves, Herberto Helder, Vítor
Silva Tavares, reuniam-se geralmente no café Monte Carlo e tinham este último escritor
citado como o seu intermediário junto do “Jornal do Fundão”, prestigiado jornal
beirão onde ele fazia sair o suplemento “& ETC”, espaço de poesia e de arte
que era uma espécie de lugar encantado para os espíritos desempoeirados
lusitanos…
E foi nesse órgão mais ou menos mítico para os homens livres em geral que,
mediante convite formulado pelo seu organizador e transportado por Virgílio
Martinho, dei a lume um par de poemas do livro que articulava nesse período,
“Fábrica nocturna”, depois integrado no englobante “Escrita e o seu contrário”.
Estava ainda para sair uma outra colaboração, o contarelo “Aníbal e as moscas filósofas” (mais tarde dado a lume no suplemento cultural do diário “República”) mas conforme informalmente me foi dito tal não pôde acontecer por razões que as malhas infaustas do Império teciam por esses tempos…
ns
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