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Foi quando R.R. esteve presidente da
Câmara Municipal do Porto que o nosso colaborador Doutor José Jagodes, num
texto dado a lume num dos lugares de referência dessa época, se referiu gostosamente
ao sensível Rui Rio, perguntando-se, estupefacto, como é que o dito politico –
que na sua opinião só teria “qualidades apelativas” para ser, “vamos lá”,
vice-presidente duma colectividade de cultura e recreio – era o que era na “mui
nobre e leal segunda cidade lusitana”.
É muito evidente, constatamos, que o grande
autor do notável tomo histórico, “A cacofonia nas regiões ribeirinhas”, via
justo e via bem.
Parece que o ternurento cavalheiro antigamente
autárquico continua a ser um “case study” a ter em conta…
Se
não, vejamos o texto da autoria de Pedro Correia que, com vénia cordial ao seu
autor, aqui deixamos para salubre consideração dos nossos leitores:
“Oposição mais fofinha não há
O alegado "líder da oposição" é
um caso de estudo. Num momento de evidente gestão caótica da pandemia, em que o
Governo não cumpre uma das promessas feitas aos portugueses e falha todos os
objectivos traçados, a principal preocupação de Rui Rio é não melindrar António
Costa. Mesmo que o primeiro-ministro nem se preocupe em ocultar o imenso
desprezo que sente por ele, como evidenciou na célebre entrevista ao Expresso,
no Verão passado: «No dia em que a sua subsistência depender do PSD, este governo acabou.»
Quanto mais me bates, mais gosto de ti -
parece suplicar Rio a Costa. Falando ontem aos jornalistas, nos Passos Perdidos
da Assembleia da República, o presidente do PSD voltou a fazer um panegírico do
seu suposto adversário: parecia falar mais como assessor do chefe do Governo do
que como dirigente da oposição. «O primeiro-ministro não está a
trabalhar 24 horas por dia, mas está a trabalhar muito, disso não tenho dúvida»,
declarou. Enquanto confirmava que a sua preocupação central é que Costa não
fique a pensar mal dele: «O Governo pode queixar-se de tudo menos
do PSD. Não temos obstaculizado em nada.»
Oposição mais fofinha não há. Este é o mesmo
Rio que ainda há poucos dias se insurgia contra quem ousasse criticar a
eventual precedência concedida ao primeiro-ministro no plano de
vacinação. «Imaginemos que o primeiro-ministro do país ficava infectado e com
sintomas e até tinha de ser hospitalizado, o que é que o País ganhava? Só
perdíamos, não podemos estar com esta demagogia. A minha posição é fácil,
para quem me conhece e está atento: eu discordo completamente da demagogia de
não vacinar político nenhum.» E jurava que não recusaria a vacina para oferecê-la
a um idoso e assim «fazer um brilharete».
Isto
foi a 27 de Janeiro. Três dias depois, Rio acabou mesmo por «fazer um
brilharete», declarando que o mandassem excluir de uma lista de 50 deputados
pré-seleccionados para a vacina. Lá conseguiu assim o título noticioso que,
na sua própria definição, o inclui no lote dos demagogos. Provavelmente nem
reparou na contradição.
Já vai sendo tempo de Costa lhe conceder a
esmola de uma atenção. O pobre homem que se esforça a todo o momento para lhe
agradar, que verte palavras de admiração pela capacidade de trabalho do
primeiro-ministro, que se preocupa com a hipótese de ver o chefe do Governo
infectado com COVID-19 e assegura que o Executivo «pode queixar-se de
tudo menos do PSD», bem merece um ligeiro afago, uma palavrinha doce, um
sorriso contrafeito.
Não custa nada, António. Mostra lá ao Rui
que afinal não o desprezas tanto assim”.
Pedro Correia
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