TE AGITAS
PELO LOBO E O CORDEIRO
Te
estremeces pelo lobo e pelo cordeiro.
Amas de
forma ultra-humana, sem limites, como a música
do universo.
Oh profunda sinfonia forjando
o sagrado do
começo ao fim, alto pretexto onde domina
a esperança.
Oh sucessão eterna que desencadeias
assonâncias,
instintos laborando rumo ao magma
do
transcendente, da cadência absoluta
concebida
com o compartilhamento das águas profundas
e das
saborosas delícias de um contravoo angelical
acomodadas
para suportar o Vento mais copioso.
Estarás como
a sempre-viva, qual presença transumante.
Ficarás na
luz que não mata o pôr do sol.
Estando sem
estar, tu és evidência,
cérebro
verbal destacando faíscas de pureza,
pulsações
sem cativeiro, correta chamada de translação
além de
anseios e de desvelados sonhos.
Pertencias
ao terreno do Despretensioso,
ao seu ritmo
oculto, à sua chama lenta, felizmente
extemporânea,
qual aliança indecifrável.
Pertencias
ao portal das testemunhas,
para
profecia de outro Reino, ao refinado alento,
cuja
plenitude reside onde floresce o sublime.
Integravas o
verbo de uma estrela.
Pertencias
ao corpo ferido de ternura sofredora.
Pertencendo
à asa que desaparece pelos ares.
Pertencias à
linhagem que coleta inocências de sete em sete.
Te perpetuas
na antecipação da alegria
e ascendes,
porque tua Unidade conhece a fórmula
das
diásporas e dos deslumbramentos.
Clamas por
tua orfandade. Clamas contra chicotes agressivos,
confraternizando
com os perseguidos, abraçando-os,
compartilhando
com eles a realidade dos milagres.
Nada te
rebaixa,
criatura de
nome formosamente pronunciado,
pele
aliciante, contorno para penetrar
em frondes
de renascimento quente.
Tu manténs o
dom de ser o antes e o depois,
lâmpada
iluminando os breves voos do pássaro, sua sombra
na alta
noite do abismo.
Conduzes os
fervores rumo ao amanhecer adolescente,
pulsas com
tua estatura de Árvore da vida, regas violetas
com o leito
de tuas transpirações.
Exemplo
horizontal o das mãos estendidas,
o do pulso
que sustenta! Beleza da forma na paisagem!
Oh Deus, que
desejo nu é este Amor
avançando
eterno, dando-se, assim, tão pródigo!
Que seivas
estás doando? Que outros vaga-lumes te rodeiam?
Tradução de Cláudio Aguiar
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