«As palavras em jogo» ou não perde pela demora"
José
do Carmo Francisco por um momento volta à vaca fria para nos dizer que…
O grande escritor argentino Jorge Luís
Borges, cujos avós eram de Moncorvo (Trás os Montes), afirmou um dia que
«muitos se orgulham do que escreveram; eu, porém muito me orgulho do que li».
Quando me referi à forte «dor de alma» que foi saber da destruição próxima
(guilhotina) do meu livro «As palavras em jogo» (Editora Padrões Culturais) não
enumerei por falta de espaço os poemas e as prosas que alguns dos entrevistados
me entregaram para, num certo sentido, «completar» a entrevista. Ainda vai a
tempo de recordar essa espécie de «bónus cultural» que algumas entrevistas
integravam. Vejamos Mário Soares «Para ti meu amor», Clara Pinto Correia
«Soccer», David Mourão-Ferreira «Piscina», Dinis Machado «Seis quadros de uma
exposição», Eduardo Guerra Carneiro «As corridas», Francisco José Viegas
«Morreu um jogador», Helena Marques «Prazeres são os jogos», Joaquim Pessoa
«Ruas de Lisboa», José Duarte «Gillespie e Eusébio» , Lídia Jorge «A
instrumentalina», Rita Ferro «Quem é quem no Campeonato do Mundo», Romeu
Correia «Essa palavra Desporto» e Urbano Tavares Rodrigues «O ás do Atlético de
Moura». E já agora o meu poema «Memória justificativa do livro The Busby Years»
mas, como diz o outro, «isso são outros quinhentos». A máquina (guilhotina) vai
cortar palavras por uma decisão do administrador da massa falida, uma
deliberação que equipara os livros da Padrões Culturais às barras de sabão, ao
café, ao açúcar ou ao bacalhau. Mas um livro é outra coisa – é uma máquina para
pensar. Já dizia Cervantes que «não há livro tão mau que não tenha algo bom» e
já Cícero tinha afirmado «uma casa sem livros, é como um corpo sem alma». Por
tudo isso e mais alguma coisa julgo que nenhum livro merece ser
guilhotinado.
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