segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Dois poemas de Luís Serrano

 


ilustração de Fernando Aguiar




As Montanhas


As montanhas crescem
partem às vezes
na água do peito

só o frio
as trespassa
lentamente

se a neve
e o silêncio
as envolvem
de uma casta
e súbita
serenidade

Às vezes regressam
carregadas
de estrelas
às vezes partem
às vezes ficam

e é a memória
que vai tecendo
um registo
de contornos
mais lúcidos
e vivos

como arestas
ou asas perdidas
de luminosas
aves



As Casas Morrem


As casas morrem
lentamente
sobre a água

ou escondem-se
sob a luz mítica
da madrugada

vejo-as desaparecer
transformarem-se
na sua memória

serem a dor adormecida
de outras casas

de outras águas


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