(O autor, um dos mais conceituados cultores da Science-Fiction, também se desdobra em ensaísta e poeta. E a sua qualidade nesta matéria é aqui atestada indubitavelmente).
O PTERODÁCTILO
Remoto pai primevo de esvoaçantes plumas futuras
pelo cerebral jurássico vais num estremeção
de asas coriáceas temeroso
de te embrenhares nos lameiros onde os sáurios
resolvem seus assuntos de ilhargas e dentes.
Predador metafísico de dedos alados
o canto entorpecente dos teus intestinos
revela o entusiasmo com que absorves
saborosos ectoplasmas
esbanjando
o teu fogo interior que pressagia
a imagem futura de um esqueleto
morto na tentativa de ficar.
Bicudo resumo da incorpórea ideia
passarola batida pelas lufadas de vento
cruzas abstractas névoas
invadindo o mar da Obra.
Devoras estranhos peixes
desenvolves
largas penas brilhantes e recobres
com a carne da forma os ossos do conceito.
Assim deriva
do acto de Beleza a beleza do Acto
(Tradução ns)
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