Virgílio
Cruzamo-nos
de dia e de noite.
O nevoeiro invade as ruas
os oráculos caem do alto.
Retoma um corpo
diverte-se
a anotar as terras semeadas
onde os trogloditas preguiçam
e as melancolias cabeceiam.
Miguel Barbosa
Para a Fernanda
O mais belo dos percursos
Lisboa
heroína adulada
cujo fado
abre sobre um planetário
por mim ornamentado de cores
provindas dos frutos do amor.
Eu sei que jamais é demasiado tarde
para a flauta encantada
nos subúrbios nocturnos
onde as ilusões
surpreendem ou libertam.
Aqui levanta-se o dia
no apelo dos clarins.
Florbela Espanca
Que caminho seguias tu?
Uma lágrima talvez o dissesse
ou o reforço das clematites;
ora tu preferias viver
em florescentes lassidões;
num último pestanejar
a Primavera tomou-te pelo braço
E a ausência ficou ciumenta.
Friedrich Holderlin
Sê estóico no presente
encontra a poesia
uma fenda entre os taludes
que a geometria embotou.
A paz descende das marchas
espertezas dum ciclo ensimesmado
perseguido por suas manias.
A indulgência não mais contende
com pífaros nem realejos,
ela já semeou as suas parábolas.
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