segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Poemas de Jean-Paul Mestas (tradução de Cristino Cortes)

 

Virgílio                                                                                

 

Cruzamo-nos

de dia e de noite.

O nevoeiro invade as ruas

os oráculos caem do alto.

 

Retoma um corpo

diverte-se

a anotar as terras semeadas

onde os trogloditas preguiçam

e as melancolias cabeceiam.

 


Miguel Barbosa                                                                         

                                    Para a Fernanda

 

O mais belo dos percursos

Lisboa

              heroína adulada

cujo fado

              abre sobre um planetário

por mim ornamentado de cores

provindas dos frutos do amor.

 

Eu sei que jamais é demasiado tarde

para a flauta encantada

nos subúrbios nocturnos

onde as ilusões

surpreendem ou libertam.

 

Aqui levanta-se o dia

               no apelo dos clarins.

 

 

Florbela Espanca

 

                                            

Que caminho seguias tu?

 

Uma lágrima talvez o dissesse

ou o reforço das clematites;

 

ora tu preferias viver

em florescentes lassidões;

 

num último pestanejar

a Primavera tomou-te pelo braço

 

 

E a ausência ficou ciumenta.

 

 

Friedrich Holderlin

 

                                            

Sê estóico no presente

encontra a poesia

uma fenda entre os taludes

que a geometria embotou.

 

A paz descende das marchas

espertezas dum ciclo ensimesmado

perseguido por suas manias.

 

A indulgência não mais contende

com pífaros nem realejos,

 

ela já semeou as suas parábolas.


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