As
pedras e os sinais – dissertação para Ana, Ian, Thomas e Lucas
Sobral Fernando é uma localidade que fica
na margem direita do Rio Ocreza, afluente do Tejo. As pedras estão ali há
muitos milhões de anos, desde o tempo em que as placas tectónicas não se
deslocavam com fragor para criar uma espécie de «albarda» silenciosa que
testemunha mas nada diz nem pode dizer. A memória mais recente aponta para os
garimpeiros do Império Romano que por aqui procuraram no seu tempo as palhetas
do precioso metal, lavando de modo paciente e determinado as pedras do rio nas
quais se desenhavam hipótese de haver ouro. Hoje apenas alguns pescadores
procuram não o ouro mas o peixe do rio capaz de entrar na mais saborosa
caldeirada de Sobral Fernando e arredores. Deste lado é o limite do concelho de
Proença a Nova; do outro lado temos já o concelho de Vila Velha de Ródão. Hoje
como na Idade Média são as linhas de água que separam os municípios. Usamos
computador, temos telemóvel, temos «E mail», a tecnologia mais moderna está
connosco no dia-a-dia mas as divisões do território ainda são as mesmas do
passado. O passeio pelo Geoparque do Tejo leva-nos a uma viagem no Tempo, não o
dos segundos da pressa da cidade mas o dos milhões de anos da memória no campo,
entre pedras e árvores. Sem esquecer os grifos que vão planando sobre o grupo
de caminheiros atento às palavras de Marta e às fotografias de Sónia. Temos
aqui os três mundos – animal, vegetal e mineral. É nesta harmonia que assenta a
plenitude dos momentos felizes da caminhada. No intervalo da pressa da cidade
temos a paz do campo e o som da água nas Portas de Almourão. E mesmo no cansaço
os sinais são de serenidade; não é todos os dias que se ouve a voz da
Terra.
José do Carmo Francisco
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