quinta-feira, 4 de junho de 2020

Hélio Rola e os Dragões do Mar



   Um mundo feérico, alucinante e encantado de faunas diversas, de monstros e de meninos, de bichos que assumem a sua condição de santos civis e quotidianos visitados pela amargura e a mais devastadora felicidade. Coisas do mar, coisas da terra. A preto e branco e a cores. Olhos que se viram na direcção do horizonte. Ali no Brasil. Ou seja: ali ao pé da esquina, ao virar da página e da avenida: no teu largo, na tua rua, no teu quintal. Dentro do Brasil e fora do Brasil – no coração duma floresta da Europa onde se acocoram os mal-nascidos.  
   Entre dentes e entre linhas. Entre deambulações. Entre o grito e o soluço. Para levar para casa como recordação intempestiva, para levar a todo o lado como uma minúscula assombração. Uma gargalhada louca correndo nos ares como o trilo duma flauta numa viela onde jazem carros esventrados, sacos velhos e dejectos de um mundo supranumerário. E também muitos lugares de serena contemplação. A tua, a minha, a alegria dos outros, de todos os que ainda não se desvaneceram. O adeus que não cessa, a melancolia de cidades ao alvorecer. A lua, o sol, um bocejo sonolento no meio da madrugada.
    Ao bom calor do Brasil - aqui mesmo no Alentejo, junto ao lago dos patos no Palácio de Cristal, numa simpática tasquinha de Borba. Em Coimbra, nas terras da Amazónia. Como se o tempo e os seus contrastes fosse não mais que uns olhos ouvindo atentamente, orelhas a captarem todas as cores, a boca e a mão esvoaçantes que traçam os seus sinais sobre um cantinho do universo.
   Como se tudo e ainda bem não passasse de um desenho a tinta-da-china ou então um volteio de guache enfeitiçado.


ns







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