Um mundo feérico, alucinante e encantado de
faunas diversas, de monstros e de meninos, de bichos que assumem a sua condição
de santos civis e quotidianos visitados pela amargura e a mais devastadora
felicidade. Coisas do mar, coisas da terra. A preto e branco e a cores. Olhos
que se viram na direcção do horizonte. Ali no Brasil. Ou seja: ali ao pé da
esquina, ao virar da página e da avenida: no teu largo, na tua rua, no teu
quintal. Dentro do Brasil e fora do Brasil – no coração duma floresta da Europa
onde se acocoram os mal-nascidos.
Entre dentes e entre linhas. Entre
deambulações. Entre o grito e o soluço. Para levar para casa como recordação
intempestiva, para levar a todo o lado como uma minúscula assombração. Uma
gargalhada louca correndo nos ares como o trilo duma flauta numa viela onde
jazem carros esventrados, sacos velhos e dejectos de um mundo supranumerário. E
também muitos lugares de serena contemplação. A tua, a minha, a alegria dos
outros, de todos os que ainda não se desvaneceram. O adeus que não cessa, a
melancolia de cidades ao alvorecer. A lua, o sol, um bocejo sonolento no meio
da madrugada.
Ao bom calor do Brasil - aqui mesmo no
Alentejo, junto ao lago dos patos no Palácio de Cristal, numa simpática
tasquinha de Borba. Em Coimbra, nas terras da Amazónia. Como se o tempo e os
seus contrastes fosse não mais que uns olhos ouvindo atentamente, orelhas a
captarem todas as cores, a boca e a mão esvoaçantes que traçam os seus sinais
sobre um cantinho do universo.
Como
se tudo e ainda bem não passasse de um desenho a tinta-da-china ou então um
volteio de guache enfeitiçado.
ns
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