segunda-feira, 29 de junho de 2020

Dois poemas de José Pascoal


Nicolau Saião, Sem título


dia de trabalho na capital


Em ruas de Lisboa
De que não sei o nome
Passam-se coisas muito estranhas.
Voam jornais velhos, facas e alguidares.
Passam, mesmo, camelos
Pelo buraco da agulha.
E vem gente de muito lugar
E muito cedo
Nos comboios do Rossio e de Santa Apolónia.
Voam jornais velhos, facas e alguidares.
Passam, mesmo, aves
Como no soneto de Sá de Miranda.
Que estranhas coisas se passam em Lisboa.

embora as folhas caiam
Embora as folhas caiam,
Os pássaros do Outono voam
Em círculos que anunciam
A chegada do Inverno.
Ao longo do caminho,
Espalho as minhas pedras,
Escolho os meus motivos,
Espero por melhores dias.
A cada passo, encontro
Uma flor esquecida
Pela voragem do Verão.
A cada passo, invoco
Da tua face escondida
O nome em vão.
                                                          José Pascoal

1 comentário:

  1. Que excelente segundo pequeno-almoço! Um sujeito levanta-se, arranja-se, come e depois vem aqui à casa do Atalaião e dá com dois petiscos destes, "come-os" e fica consolado.

    Grande abraço para o poeta e para o dono da Casa do Atalaião
    JS

    ResponderEliminar

Aos confrades, amigos, adeptos e simpatizantes

     Devido a um problema informático de última hora, não nos será possível fazer a postagem desta semana.    Esperando resolvê-lo em breve,...