segunda-feira, 15 de junho de 2020

3 poemas de Jean-Paul Mestas traduzidos por Cristino Cortes


1.     Fernando Pessoa                                                     

Pessoa
e máscara de teatro

Um nada
nada perguntando
paradoxal
por pouco melhor traduzido
que o mais terno dos pânicos
encurralado no seu dilema

O inútil tem os seus parapeitos
a poesia a sua tabacaria
à noite um rebanho empoleirou-se
nos ombros de Lisboa
amando o trinado de Filomela.


        2. Henriqueta Lisboa                                                        

Frágil
como um traço de união
numa valsa de quimeras

teve a sua íntima caravela
em cidades deferentes
no abismo de ilhas perdidas

sobre um riacho de infortúnio.


      3. José Afrânio Moreira Duarte                                                
                                                                                     
Sei que estás em qualquer parte
no último recanto
das nossas esperanças comuns;

se existe ainda
um canto para os poetas
e medalhas próprias
para as quimeras tardias.

Mal nascem os dias logo contam
uma história sem pés nem cabeça
ao seu ingénuo público,

tu e eu fiquemos sisudos
quais trovadores perdidos
na sua energia perdurando.

*

Jean-Paul Mestas nasceu em 1925, em Paris. Poeta, ensaísta, tradutor, crítico, antologista e conferencista, autor de mais de 80 obras de poesia e ensaio, como Soleils Noirs, 1967, Chant pour Chris, 1989, Le livre des Visages, 2002, Magiques, 2005, Automnal, 2007, Sob o Friorento Olhar do Tempo, 2008. Tem poemas seus traduzidos em 23 línguas. Faleceu em 2013.

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