Pintura de Nicolau Saião
Há bocado, na dita "Rádio Pública" - expressão de
que se servem, conjecturo, para ocultarem aprumadamente que a propaganda
que ela veicula está sim claramente ao serviço dos mandantes do regime e
da sua ideologia impositiva - ouvi a pretexto da celebração da Língua
Portuguesa uma senhora escritora, cujo nome não refiro por cavalheirismo e
comiseração, epigrafar declamando o poema "Queixa das Almas Censuradas"
e dando a par a canção, sobre ele feita, da autoria de um conhecido e apreciado
ultra-esquerdista de viril, militante e vigorosa voz.
Aqui só há um ligeiro quiproquo: o poema e a sua
autora, Natália Correia, são - um, a negação mais intensa que houve no lirismo
luso dos totalitarismos todos eles; dois, que a poetisa foi uma das figuras que
mais se opôs, nos sinistros tempos do PREC, aos postulados que o cantor
perfilhava.
Como dizia Cesariny "falta por aqui uma grande razão".
Ou, talvez, como dizia o grande vate epicurista Teodoro Rabejana, "uma
grande falta de senso ou uma deliciosa inconsciência "...
Ou um gentilìssimo descaramento...
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