É o que se chama acertar.
Para trás ficou o tempo das férias
Do descanso e do calor, do pouco ou
nada fazer junto ao mar
Lá nesses Algarves onde a malta
gosta de se juntar…
E hoje, que o trabalho recomeça,
Invenções ou quase lérias parecem
tais descrições…
Um nevoeiro irritante e miudinho
É matinal companhia no trânsito da
auto-estrada.
Não se pode dizer que esteja frio.
O facto é que mais aconchegado
anda-se melhor:
Uma camisola interior, um fatinho
inteiro
Caem bem, marcam talvez a transição
Entre o tempo que foi e o novo
ritmo que aí vem:
Hoje tudo recomeça e assim sendo a
adequação menos dói.
Acalmado quase o dentro e o fora,
em paz consigo mesmo
Já que o tempo exterior inveja lhe
não faz,
Um homem marcha alegre para o
destino que é o seu.
Correram-lhe bem as coisas, é um
facto.
Acertou e gozou o tempo das suas
férias
E agora à rotina volta, mais
sensível e com tacto.
Pergunta pelo que se passou, o
tempo que fez
Mas é pura simpatia, mera
delicadeza quase.
Interessa-lhe lá bem!
Ele estava no que era bom e só isso
lhe importava.
Vá lá,
Aceitava que a terra girava porque
tinha de ser,
Seria uma cedência à lógica se
nisso pensasse;
Mas ele fazia como que um
intervalo,
Como quem a dormir não envelhece
E do que pouco importa naturalmente
se esquece.
Agora tudo está bem,
No seu tempo e local e é mesmo
certo.
Este matinal nevoeiro
É uma preciosa ajuda
Ao ininterrupto trabalho de tanto
bombeiro
Diz-se…
Ele acha bem. Para si mesmo sorri,
Encolhe os ombros
Por uma vez acertou
- Feliz como um menino ao sair do
banheiro.
( Onde terá lido essa expressão
Agora tanto lhe aquecendo o
coração?! ).
Cristino Cortes
(Poeta,
tradutor, ensaísta e memorialista)
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