ns, O segredo
Ainda
habitam avencas nas paredes.
Uma
roseira esquecida
resiste
em florações de medo.
É
o triunfo da erva sobre a flor,
a
derrota de um velho sonho
onde
o olhar deixou de penetrar a paisagem
e
onde
a
voz amarga do abandono
nos
diz da possível alegria
de
outras estações
ou
gestos, palavras,
a
mão sobre outra mão
desnudando
um nome.
*
Da
casa não partimos nunca. Apenas a
rodeamos,
andamos em volta.
Não
trilhamos outro caminho que não seja o do
regresso.
A
memória prende-se a este chão. Ali
permanecemos
ao nascer do sol
ou
quando a lua acende no nosso coração
passos
de outrora, apagadas
recordações.
Vozes.
Todos
os mortos se esqueceram de dizer adeus.
*
Repara
nos sulcos de tristeza deixados pelos
dias.
As escarpas falam da passagem dos
ventos
e do som lamentoso das ondas. Tudo
nos
diz da nossa breve estrada.
O
pó modela o definitivo abandono da
casa
em ruínas. Olha a porta por onde
debandaram
todos os sonhos.
Assim
aprenderás que as formas, as cores,
a
agridoce polpa dos frutos não suportam a
demora.
Mesmo
que os teus passos ressoem cada vez
mais
longe, voltado para o poente espero o
teu
regresso.
in
“A casa já não abriga vozes”
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