(Madrid, 1962)
Cantar das espigas
Não cantam, isso são histórias
das pessoas que nunca
trabalharam no campo.
Mentiras piedosas com
verniz lamechas
que os artistas e os
pirosos inventam,
se é que são diferentes.
O que as espigas fazem
são cortes nas mãos,
mas sobre as feridas que sangram
nada se ouve.
Despertar
Desperta-me mais o som da
campainha
do que o café que estou a
tomar.
E um homem de entregas, um mensageiro
que traz numa caixa
uma pequena porção de alegria.
É a tua prenda de
anos.
Quando ta der, da tua
alegria
retirarei a minha.
Ausente
Essa mulher com que sonhas às vezes
é a mulher que eu fui:
Desejável e alegre,
animada, jovem.
Que lhe terá acontecido?
Quem ou o que a matou?
Há quantos anos choramos
a sua ausência?
Tradução de Francisco
Craveiro de Carvalho
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