segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Dois poemas de Floriano Martins

 


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VARIAÇÕES EM TORNO DE UMA PALETA GASTA

 

6. Ergue-se o alvo diante de mim,

dividido o arco entre o fogo e a fúria.

Não há nomes, só rostos.

Sombras prolongadas

muito além da luz. Flâmula

viciada em suas agulhas.

Golpe de deslizes, preciso engano das palavras

que nos refazem. Luz desprendida,

o branco no sótão da alma,

a obscura

penugem do mundo refeito na ausência do alvo.

Uma vez mais o agônico

acorrentado à imagem de seus suplícios.

 


O BANHO DAS MODELOS

 

6. Em qualquer momento revela-se tua queda,

seja na máscara da volúpia, no desânimo

de certas horas guardadas longe de si ou…

Desfigura-se a eternidade em tuas imagens.

Acesso de excessos ao redor da mesma dor.

Há haveres infernais? Suspeita o poeta de

que seus versos expõem o revés de toda moral?

Os amores de Catulo, os tiros de Rimbaud.

A poesia recolhe o ressoar de suas sombras.

Partilha consigo as indomáveis contradições

que elegeram as cortesãs por seus mistérios.

A fidelidade ao prazer leva consigo o tormento

tanto quanto a eternidade ama o instante.

 

in “365 POEMAS & FOTOS”


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