Ithell Colquhoun
Com vénia ao seu Autor,
transcrevemos este lúcido texto de Pedro Correia:
EM OBEDIÊNCIA AO CATECISMO TOTALITÁRIO
Vemos, ouvimos e lemos.
Não podemos ignorar. Sucedem-se as novas Guernicas, na massacrada Ucrânia.
Decoramos os nomes destas
cidades-mártires: Mariúpol, Butcha, Borodianka, Irpin, Kramatorsk.
Estão já abertas 5600
investigações oficiais por crimes de guerra cometidos por forças militares e
para-militares às ordens de Putin em solo ucraniano.
Alguns, no entanto,
persistem em ignorar. Cegos e surdos perante as evidências. Submetidos a dogmas
ideológicos que os inibem de pensar como cidadãos livres. Em obediência
servil ao catecismo totalitário.
Vários destes são
cartilheiros por mera fidelidade tribal. Limitam-se a papaguear a cartilha da
trincheira, receando ser excomungados.
Outros
vivem mergulhados num mundo alternativo. Chamam verdade à mentira e mentira à
verdade. Têm o quadro mental adaptado à ficção em que creem e evitam
validar qualquer facto capaz de contaminar essa ficção.
Gente como o
repugnante Éric Zemmour, candidato da ultradireita
que no domingo obteve 7% na primeira volta das presidenciais francesas.
Defensor intransigente do carniceiro do Kremlin.
«É preciso parar de fazer de Putin o agressor. Putin é o agredido, está a
defender-se», ladrava ele no Twitter em
Junho de 2021.
Acontece que muitos, no campo político oposto de Zemmour, ladram
exactamente isto. Usando as mesmas frases, palavra por
palavra.
Prestam vassalagem a
Putin sem qualquer sobressalto de consciência. Os crimes de guerra cometidos
pelos russos na Ucrânia não lhes despertam a mais leve censura nem lhes
provocam o menor abalo moral.
Fascistas e comunistas
aplaudem o tirano russo como podiam defender o Raskólnikov de Dostoievski.
Indiferentes ao sangue que lhe mancha as botas.
Sem comentários:
Enviar um comentário