Javier Pagola
1. AGORA TUDO FICOU MAIS CLARO
Quando, no meu primeiro escrito de
alguns dias atrás, referi que a situação de conflito militar que se está a
viver podia levar a uma conflagração geral, um bom amigo fora do inner circle escreveu-me
aduzindo que tal coisa não se poderia dar - por não se prever que a
Rússia se atrevesse a despoletar tal facto, temeroso.
Pois bem: as notícias da Última
Hora, veiculadas pelas diversas fontes de informação televisivas e radiofónicas
acabam de mostrar-nos que tal é uma possibilidade real. Ou seja: a Rússia acaba
de declarar que está na disposição de atacar militarmente a Finlândia e a
Suécia se estas resolverem aderir à Nato! Serve isto dizer que estas duas
Nações, membros da União Europeia, podem estar na mesma situação em que se
encontra a Ucrânia.
Putin, sem olhar a meios para
tentar estabelecer de novo o velho Império Russo, está disposto a precipitar
uma conflagração geral! O ditador russo vive agora, tirando definitivamente a máscara
com que a propaganda o tem coberto, uma deriva demencial.
O perigo é pois bem real, uma vez
que nessa circunstância as democracias ocidentais teriam que responder
militarmente à situação que lhe era posta!
Devo aduzir que estas manobras
da hierarquia russa, politica e militar, não me surpreendem - foi assim que
Hitler procedeu nos tempos que antecederam a Segunda Guerra, fazendo sucessivas
exigências que descambaram naquilo que a História cifrou.
As ditaduras, agressoras,
são todas do mesmo cariz. E não nos devemos esquecer que a URSS estalinista e a
Alemanha nacional socialista, pelas mãos e assinaturas de Ribbentrop e Molotov,
estabeleceram o pacto germano-soviético de triste memória e consequências!
Para chegarem aos seus fins
espúrios, não hesitam na loucura da guerra.
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Tal
como, em Portugal, no seu tempo homens dignos como Aquilino e Ferreira de
Castro fizeram...e outros mais recentes, que nunca esqueceram que não
se pode ser, como dizia Robert Desnos, "um intelectual (cientista,
romancista ou poeta) e simultaneamente um canalha ou um cínico, esquecendo os
seus deveres de ética para com os semelhantes", em diversos
pontos do Mundo se erguem vozes significativas, de homens e mulheres com realce
público, chamando a atenção para algo que certos operadores - nomeadamente
agindo nas chamadas redes sociais - tentam cavilosamente instilar na opinião
corrente ao esquecerem que existe um aspecto moral inegociável.
Tal
como nos tempos de Hitler e posteriormente nos tempos do outro ditador,
Estaline, o seu relativismo moral concretiza-se no que eles tentam, mediante
argumentos cínicos que camuflam sob a capa de equidistância, justificar: as
posições dos cleptocratas e autocratas seja da Rússia seja da China, numa
evidente dependência das suas ideologias que já demonstraram o seu caracter
opressor por onde quer que tenham passado.
Esses "mornos" - para utilizar uma expressão bem reconhecível -
como diz a expressão bíblica, procedem assim tal como nos anos trinta do século
passado a História mostrou, porque no seu fundo apoiam as ditaduras e os que as
sustentam. Embora, cobardemente, busquem tapar-se com o tristemente célebre
"Sim, mas...".
Doutra maneira, corajosa e firme, agiram ontem 600 cientistas russos
incluindo um prémio Nobel, que corajosamente endereçaram uma carta ao
governo para que cessasse as acções militares na martirizada Ucrânia.
Tal como anteontem, 570 mil (não é engano de
números!) cidadãos russos assinaram uma petição para que o ditador
Putin parasse com a agressão e mandasse regressar as tropas invasoras.
O repúdio internacional tem sido quase unânime. Só têm divergido os
governos totalitários ainda existentes: Coreia do Norte, Cuba, Venezuela,
Síria, Irão, Bielorrússia e alguns menores comprados com o dinheiro
Russo/Chinês.
E, naturalmente, aqueles grupos ou grupelhos que, nesta parte do mundo,
fazem coro com as acções nefandas daqueles.
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