quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Um poema de Dusan Matic

 


ns



   Dusan Matic nasceu em Cuprija, Sérvia, em 1898. Estudou filosofia em Belgrado.   

   Começou a escrever em 1923.

   Foi um dos fundadores do Círculo Surrealista de Belgrado e, sendo amigo íntimo de André Breton e Juan Miró, pertencia no sentido espiritual aos surrealistas franceses.

   Autor, entre outros dos livros Bagdala: poemas, Os dados estão lançados, Noite acordada, Segredos das chamas.

   A influência de Dusan Matic na poesia sérvia é notável.

   Morreu em 12 de setembro de 1980 em Belgrado.

(ns)

 

 

ANTES DA TEMPESTADE

 

Deixa a noite ser o que tu queres que seja de novo

Eu não sei mais nada

Eu não entendo nada

Até a noite quando chega áspera e resinosa

Noite e noite e noite.

 

Um lugar de ouro e mal e bem e uma parede de desespero

O que não significa que eu bato com a cabeça a cada hora

Um êxtase sem personagem, uma razão sem choro

Pela longa noite que está a chegar

Olha e pareça ridículo e engraçado para sempre.

 

Exceto pelo sangue que flui entre a dor de todos e a dor de todos

Não há excedente para medir a sua profundidade.

 

Esquece a sua memória esquece o seu esquecimento

Como um viajante disperso, estarei numa estação desconhecida

Uma ponte ferida pelas feridas do mundo estende-se por entre essas ruínas

Sobre aquele horror e lama

Onde o hábito da luz é quebrado numa lágrima não redimida.

 

Lá na clareira daquele horror sem fundo para assistir e dormir

Frágil no sótão e sozinho.

A insolência não me ajuda em nada.

 

(Tradução de ns)


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