quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Lino Mendes, Crónica


          Ao sabor dos tempos

 

Não sou nenhuma versão masculina de Madre Teresa de Calcutá, mas choca-me profundamente a falta de humanismo com que este país é governado, onde os mais poderosos vão recebendo o que não lhes faz falta, ao contrário dos que nada têm para pôr na mesa. Não sou contra o rico ou mesmo o muito rico, desde que as suas fortunas tenham origem legal e estejam a contribuir para o desenvolvimento do país, embora defenda a existência de tectos salariais.

Se verificar, não há quem no âmbito do governo e do parlamento, não receba um vencimento que permita qualidade de vida. Por outro lado, quem trabalha/va no campo e ajudava a encher celeiros para todos pudessem comer, tinham dias de festa quando um bocado de pão branco servia de conduto ao pão de milho.

Ou porque o destino sempre marca a hora, ou a educação que me deram foi de excelência, há duas palavras que não constam do meu dicionário de vida; a “inveja” e a “vingança”, e quando entrei na primária já sabia que não iria estudar. Filho de pedreiro serás pedreiro, filho de sapateiro serás sapateiro, e no meu caso serás padeiro - e confesso que gostava da profissão. E com base naquele aforismo “quem ganha três e gasta quatro, não precisa de taleigo nem de saco” ia preparado para só pedir aquilo que era possível satisfazer.

E alguns mitos se começaram a desfazer, como o facto de ser pobre não me impedir de querer aprender e ser melhor aluno que os ricos. Quando, e infelizmente isso acontece, aprender é o que muitos académicos não fazem.

Não fui estudar e hoje dou graças a Deus por assim ter sido, pois de outro modo não teria a família que tive, e por muito mais dinheiro que ganhasse, Doutorado que fosse, não teria as alegrias que tive percorrendo o país e parte de alguns outros, representando culturalmente a nossa terra. Claro que fui muito maltratado por gente que não presta, mas desses tenhamos pena, embora não os possamos esquecer.

Mas vamos à grande desigualdade que se verifica no país, e nada tem a ver com a economia do mesmo. Ora se do “trabalhador do campo” ao “doutor “todos são imprescindíveis, qual a razão de tanta diferença no vencimento? E todos eles “são seres humanos “pelo que base de qualquer vencimento deveria ter isso em consideração. Porque não tenha dúvidas,” se o homem do campo não planta o da cidade não janta”.

Enfim, no nosso país anda tudo à deriva. Há uma saúde para ricos e outra para pobres, e o mesmo se passa com a educação. E o que dizer da justiça?

Mas vamos ao essencial, se é certo que os remendos de nada servem e é para ontem a “estruturação” de todos os sectores, o fundamental é “acabar com a pobreza”. Mas é uma tristeza o comportamento dos partidos que o poderiam fazer.

Claro que tudo tema ver com a falta de educação e cultura, e não há governo que mexa um dedo para que isso se altere. Mas podem crer que a luta que especialmente há meio século venho travando em prol do desenvolvimento cultural, é para que tenhamos eleitores que saibam dizer BASTA aos disparates que se fazem a nível governamental e ponham na linha os Salgados deste País.

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