Ao sabor dos tempos
Não
sou nenhuma versão masculina de Madre Teresa de Calcutá, mas choca-me
profundamente a falta de humanismo com que este país é governado, onde os mais
poderosos vão recebendo o que não lhes faz falta, ao contrário dos que nada têm
para pôr na mesa. Não sou contra o rico ou mesmo o muito rico, desde que as
suas fortunas tenham origem legal e estejam a contribuir para o desenvolvimento
do país, embora defenda a existência de tectos salariais.
Se
verificar, não há quem no âmbito do governo e do parlamento, não receba um
vencimento que permita qualidade de vida. Por outro lado, quem trabalha/va no
campo e ajudava a encher celeiros para todos pudessem comer, tinham dias de
festa quando um bocado de pão branco servia de conduto ao pão de milho.
Ou
porque o destino sempre marca a hora, ou a educação que me deram foi de
excelência, há duas palavras que não constam do meu dicionário de vida; a “inveja”
e a “vingança”, e quando entrei na primária já sabia que não iria estudar.
Filho de pedreiro serás pedreiro, filho de sapateiro serás sapateiro, e no meu
caso serás padeiro - e confesso que gostava da profissão. E com base naquele
aforismo “quem ganha três e gasta quatro, não precisa de taleigo nem de saco”
ia preparado para só pedir aquilo que era possível satisfazer.
E
alguns mitos se começaram a desfazer, como o facto de ser pobre não me impedir
de querer aprender e ser melhor aluno que os ricos. Quando, e infelizmente isso
acontece, aprender é o que muitos académicos não fazem.
Não
fui estudar e hoje dou graças a Deus por assim ter sido, pois de outro modo não
teria a família que tive, e por muito mais dinheiro que ganhasse, Doutorado que
fosse, não teria as alegrias que tive percorrendo o país e parte de alguns
outros, representando culturalmente a nossa terra. Claro que fui muito
maltratado por gente que não presta, mas desses tenhamos pena, embora não os
possamos esquecer.
Mas
vamos à grande desigualdade que se verifica no país, e nada tem a ver com a economia
do mesmo. Ora se do “trabalhador do campo” ao “doutor “todos são
imprescindíveis, qual a razão de tanta diferença no vencimento? E todos eles
“são seres humanos “pelo que base de qualquer vencimento deveria ter isso em
consideração. Porque não tenha dúvidas,” se o homem do campo não planta o da
cidade não janta”.
Enfim,
no nosso país anda tudo à deriva. Há uma saúde para ricos e outra para pobres, e o mesmo se passa com a educação. E
o que dizer da justiça?
Mas
vamos ao essencial, se é certo que os remendos de nada servem e é para ontem a
“estruturação” de todos os sectores, o fundamental é “acabar com a pobreza”. Mas é uma tristeza o comportamento
dos partidos que o poderiam fazer.
Claro
que tudo tema ver com a falta de educação e cultura, e não há governo que mexa
um dedo para que isso se altere. Mas podem crer que a luta que especialmente há
meio século venho travando em prol do desenvolvimento cultural, é para que
tenhamos eleitores que saibam dizer BASTA aos disparates que se fazem a nível
governamental e ponham na linha os Salgados deste País.
Sem comentários:
Enviar um comentário