quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Dois poemas de Cristino Cortes

 


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POEMA PARA CARLOS CARRANCA, NO DIA DA SUA MORTE

 

Talvez, quem sabe, meu Caro Carlos Carranca, CC como eu

Já o tenho pensado e hoje é maior ainda a razão:

Se vestisse a tua capa de Coimbra, quem sabe se no coração

Não ficaria diminuída esta saudade que arrasto ao léu …

 

À guitarra não te poderia acompanhar, tal capacidade

Me falta. Mas sempre soube reconhecer-te a beleza da voz,

O timbre, a boa colocação, oh irmão de tantos de nós

Amigo e camarada, sem jamais ter vivido na tua cidade!

 

A poesia nos uniu, oh companheiro. É de olhar embaciado

Mesmo bem triste que me curvo, nesta última e sentida homenagem;

Tão prematura, no fundo algo imprevista, te foi esta viagem

Contigo levando o muito sonho que querias ver realizado…

 

Homem bom, digno, decente, aqui te deixo esta flor, e um abraço

Oh poeta que já lá estás, nome sublinhado a grosso traço.

 

29/8/2019

 

 

TRIBUTO E GRATIDÃO

 

Para António Salvado

 

Marcam os poetas os lugares que para viver escolhem

Ainda que a mesma seja acaso ou de circunstâncias

Dificilmente repetíveis fruto… Vindouras vivências

Justificá-la-ão a seguir - quando as terras os merecem.

 

Assim em Castelo Branco. Um grande poeta aqui festejo

Sempre que passo, indo ou vindo. Não podendo parar

Não deixo de o saudar, como que a taça empunhar

Bater-lhe a pala se fôssemos tropas. E assim cumpro o desejo.

 

Sei que compreende o silêncio, esta falta de contacto

Que outras circunstâncias mal explicam. Sabe, no entanto

Como lhe estou grato, como comungamos neste espanto

Das palavras que nos visitam, e nem sempre abunda o tacto.

 

Aprecio-lhe o testemunho, sábia constância ele a tem.

É bem verdade sagrarem os poetas os lugares que escolhem.


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