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SE O OIRO CESSA
Se o oiro cessa
sobre as folhas
agora que os violinos
morrem
tão lentamente
sobre as árvores
se as águas perduram
ou escrevem sobre a terra
a pequena morte
de um nome
de uma flor esquecida
entre os lábios
é que o inverno
está próximo
próximo
esse rasto infindável
de lanternas acesas
sobre a neve
A TRUTA
Por
espessas capas
de cinza e névoa
sobe a truta
bicho
de águas soltas
que a pedra filtra
sobre os
flancos
sobre os
alcantis
de Roncesvals
De
Rolando
restam os sinos da memória
um
tapete de neve
e urze
entre abetos
se as
teclas do piano
se ouvem ainda
sob a luz coada
do regresso
se a mão
de Schubert
procura apenas
um sinal do céu
nesta
atmosfera depurada
onde perpassam
ovelhas
atentos
os cães
se o redil está longe
e os
chocalhos
se perdem no ar
nas
dobras involuntárias
da água
e da escrita
LORIGA
OU A SERRA REVISITADA
Socalcos
onde a terra estremece
em neve e solidão
pastores
hibernam
dissolvem-se num silêncio
de águas mansas
ou
entram pelo tempo
carregados de coalho
e odores antigos
com seus cães desatados
suas flautas
casas
enlouquecem
devoradas pela brancura
e pelo frio
o
equilíbrio penso
está nestas árvores
repartidas entre as colinas
e a memória ácida
dos glaciares.
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