6. Algumas fotografias sobre a mesa,
irrestituíveis dejetos do instante.
Ao limpar a casa o poeta se indaga:
– Só nos resta a raiz do cantar?
Dilui-se em dura duração de datas,
dopado pelo rigor da noite. Pedra
de luz que o capta em ocioso deslize
ao redor das sombras que tramam
para que não amanheça o cantor.
Visíveis os vestígios de todo limite.
7. A caminho do abismo a palavra
indaga a suas letras: – o que busca
aquela que cai sobre si mesma?
Somos o centro do olho, a página
que muda à lei de sua consumição.
Dispersa-nos a pompa, a fraude
de imagens que não descarnam
a arquitetura que nos decompõe.
Espelho de cicatrizes solitárias,
buscamos a alma desfeita em corpo.
in
365 POEMAS & FOTOS
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