quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Dois poemas de Floriano Martins

 




6. Algumas fotografias sobre a mesa,

irrestituíveis dejetos do instante.

Ao limpar a casa o poeta se indaga:

– Só nos resta a raiz do cantar?

Dilui-se em dura duração de datas,

dopado pelo rigor da noite. Pedra

de luz que o capta em ocioso deslize

ao redor das sombras que tramam

para que não amanheça o cantor.

Visíveis os vestígios de todo limite.

 

 

7. A caminho do abismo a palavra

indaga a suas letras: – o que busca

aquela que cai sobre si mesma?

Somos o centro do olho, a página

que muda à lei de sua consumição.

Dispersa-nos a pompa, a fraude

de imagens que não descarnam

a arquitetura que nos decompõe.

Espelho de cicatrizes solitárias,

buscamos a alma desfeita em corpo.

 

in 365 POEMAS & FOTOS


Sem comentários:

Enviar um comentário

Aos confrades, amigos, adeptos e simpatizantes

     Devido a um problema informático de última hora, não nos será possível fazer a postagem desta semana.    Esperando resolvê-lo em breve,...